O cinema tem esta capacidade avassaladora: James Graham Ballard, conhecido por JG Ballard, é autor de dezenas de novelas importantes, mas, no momento da morte (ocorrido no passado domingo, 19, aos 78 anos), os obituários publicados abriram invariavelmente com a referência à adaptação de O Império do Sol, por Spielberg, e com o facto da história nele contada, passada na Segunda Guerra Mundial, ser autobiográfica. Jamie, o pequeno inglês sobrevivente a um campo de internamento nipónico durante a IIª Guerra Mundial (brilhantemente interpretado por Christian Bale), não era outro senão o próprio escritor, nascido em Xangai a 15 de Novembro de 1930, filho de um químico que dirigia uma multinacional britânica instalada na China. O mundo privilegiado e glamouroso em que vivia, entre quadros ocidentais, foi bruscamente estilhaçado pela violência da guerra sino-japonesa e, posteriormente, pela entrada do Japão na IIª Guerra, ao lado de Alemanha e Itália.
Esta experiência brutal em tão precoce idade marcaram definitivamente a vida e a percepção dela no escritor, como testemunha nas obras O Império do Sol e A Bondade das Mulheres, mas o seu universo literário excede-a largamente. Nos últimos 40 anos, JG Ballard tornou-se um dos nomes maiores da literatura contemporânea britânica, primeiro na área da ficção científica e depois também noutras. Entre os seus livros mais conhecidos contam-se Crash (que deu origem a dois filmes, um de 1971 realizado por Harley Cokliss, e outro, de 1996, de David Cronenberg); The Day of the Creation; Cocaine Nights, Running Wild e Millennium People. Em Portugal, Solveig Nordlund adaptou ao cinema o conto de Ballard, Aparelho Voador a Baixa Altitude.
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