Depois de conhecer O Segredo de Leonardo Volpi, o recém-lançado romance de Fernando Pinto do Amaral, fiquei com curiosidade em saber da música do próprio Leonardo. Estará algures entre um Luís Gonzaga de segunda linha e um Tom Jobim de terceira, e é certo que, nos últimos anos, perdeu o fulgor. Mas ainda assim possui os dotes carismáticos dos grandes artistas, aqueles que iluminam tudo por onde passam, ou ensombream... Indiferente para o caso, desde que qualquer coisa aconteça.
Claro que o irremediável e velho Leonardo é apenas uma personagem de um romance, que simboliza os voos e quedas de uma geração que não se perdeu nem se encontrou. E o poeta que aqui se arrisca numa prosa longa separa claramente os géneros: um romance não é um poema, nem as palavras têm o mesmo preço. Contudo, numa estrutura criativa, interrompe ou congela a narrativa, com pequeno parágrafos que se podem assemelhar a uma reflexão, rasando por vezes a prosa poética. Como quem sustém a respiração. Opções hábeis num livro musical.
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