Gabriel Abrantes é o vencedor do Prémio EDP Novos Artistas 2009. Com um trabalho desenvolvido na pintura, no cinema ou na instalação e na performance, o artista foi distinguido pela «energia criativa» do seu projecto, que aborda de forma «singular» o mundo contemporâneo globalizado, segundo o entendimento do júri internacional, que sublinhou ainda a capacidade de criação de «universos narrativos», onde se cruzam, através de várias linguagens, «visões sarcásticas da cultura, da política e do quotidiano». Mauro Cerqueira foi distinguido com uma menção honrosa, o que acontece pela primeira vez na história do Prémio EDP. As obras dos nove artistas finalistas podem ser vistas na exposição patente no Museu da Electricidade, em Lisboa. O filme Visionary Iraq, de Gabriel Abrantes, de que o JL traçou o perfil no seu número 1001 e que agora recuperamos, passa no Festival Indie Lisboa dias 24, às 19, no Cinema São Jorge, 26 e 30, às 15 e 45 e às 21 e 15, respectivamente, no Cinema Londres.
«Primeiro, foi a pintura, ainda no liceu em Washington, seguindo as pinceladas do irmão. Era então «muito pequeno» e pintar dava-lhe altura, elevava-lhe a auto-estima e o reconhecimento alheio. «Era quase o meu único poder social, a minha identidade», recorda. Carregou nas tintas, tirando o retrato aos colegas. De compulsiva e útil socialmente a pintura, inicialmente muito à maneira de Paula Rego ou de Lucien Freud, tornou-se ao correr do tempo uma prática constante e que lhe valeu a atenção da crítica logo nas primeiras exposições – Shitfest 2006 or Oh my god it was amazing, you should have been there, na Houghton Gallery, em Nova Iorque, Visionary Iraq ou 20 30 experiências no relativismo moral, na Galeria 111, entre outras. Tem agora outra utilidade: financiar os seus filmes.
Gabriel Abrantes, 24 anos, encontra no cinema uma forma de «preenchimento em termos sociais»: «No atelier, estou a fazer um esforço intelectual, mas a actividade social não é grande. O cinema tem vindo a cumprir esse espaço que foi a razão principal que me levou a trabalhar em arte». Também a possibilidade de realização de todas as artes. Tanto mais que o seu cinema está «longe de obedecer a qualquer convenção». Prepara agora um filme, em três «capítulos», que irá apresentar em locais distintos, a Maumaus - Escola de Artes Visuais, a ZDB e o Museu da Electricidade – é um dos finalistas do Prémio EDP Novos Artistas 2009 – para contar a história de um casal homossexual, em eco-férias na Amazónia, que decide ter um filho com recurso a uma barriga de aluguer e aos óvulos de uma irmã. Em cada um dos lugares, irá construir um cenário e filmar lá mesmo o que vai projectar nesse espaço. «É um filme dividido na cidade», adianta, sublinhando por outro lado a importância do «públicoalvo». «Houve uma grande abertura nas artes plásticas, como na escrita ou na filosofia, o que resultou numa grande perda de sentido. O capitalismo tem o objectivo de fazer dinheiro e esse é também o de Hollywood, que produz os filmes que têm sentido para o seu público-alvo. Eu opero da mesma maneira, procurando um público-alvo e um objectivo claro, até porque a maior parte das coisas que vemos hoje não querem dizer absolutamente nada».
Procura, aliás, diferentes ângulos de abordagem, como aconteceu em Visionary Iraq, um filme que fez sobre o Iraque. Aposta sempre num «exercício de imaginação». Fez já uma longa-metragem, O grande abraço de Gabriel Abrantes, em Trás-os-Montes, na aldeia dos seus bisavós paternos, onde costumava passar os Verões e que um dia demandou numa tentativa de encontrar qualquer coisa que não achava em Nova Iorque, onde vivia. Instalou-se na velha casa da avó e pensou rodar um dilúvio, usando os jovens locais como actores: «Tenho sempre a ideia de escolher audiências muito estranhas, que não têm voz, como a desta aldeia, uma das que
vão desaparecendo por causa da globalização », diz. Usou também elementos de telenovelas como contos tradicionais, do folclore transmontano e da recolha de Leite de Vasconcelos. É um filme que pretende fazer passar no circuito dos festivais, não em galerias. E não esconde o desejo de fazer um épico. Assim venda quadros para isso. Em todo o caso, experimenta já um certo toque conservador, «no caminho do ICAM», comenta irónico.
Gabriel Abrantes nasceu em Chapel Hill, na Carolina do Norte, Estados Unidos, para onde os pais médicos, haviam emigrado. Veio para Portugal aos quatro anos, seguindo depois para Bruxelas, até aos sete, e de novo para os EUA. Fez o curso de Fine Arts and Cinema, na Cooper Union for the Advancement of Science and Art, em Nova Iorque, onde experimentou intensamente as diferentes práticas artísticas, da escultura ao cinema. Frequentou no ano passado um mestrado no Le Fresnoy, Studio Nacional des Arts Contemporains, em França e actualmente vive em Lisboa.
A inclinação para a arte, que vem de alguma maneira de família – o pai também pintava e é parente do pintor João Vieira e de Manuel João Vieira – tornouse total. Também faz música e performance, o projecto de one man band, em que pode tocar bombo com o pé, bandolim com as mãos e ainda cantar. Apresentou-se pela primeira vez em público se recentemente no Maxime. Não correu mal: «Algum pessoal disse que tinha muita lata e houve algumas pessoas que gostaram da música. Eu estava muito nervoso eenvergonhado. E nesse sentido foi importante no meu trabalho. Porque há muita vergonha na arte contemporânea».
Em Agosto vai expor em Brasília um filme que irá fazer na Amazónia e em Novembro terá uma exposição em Paris.
Gabriel Abrantes, 24 anos, encontra no cinema uma forma de «preenchimento em termos sociais»: «No atelier, estou a fazer um esforço intelectual, mas a actividade social não é grande. O cinema tem vindo a cumprir esse espaço que foi a razão principal que me levou a trabalhar em arte». Também a possibilidade de realização de todas as artes. Tanto mais que o seu cinema está «longe de obedecer a qualquer convenção». Prepara agora um filme, em três «capítulos», que irá apresentar em locais distintos, a Maumaus - Escola de Artes Visuais, a ZDB e o Museu da Electricidade – é um dos finalistas do Prémio EDP Novos Artistas 2009 – para contar a história de um casal homossexual, em eco-férias na Amazónia, que decide ter um filho com recurso a uma barriga de aluguer e aos óvulos de uma irmã. Em cada um dos lugares, irá construir um cenário e filmar lá mesmo o que vai projectar nesse espaço. «É um filme dividido na cidade», adianta, sublinhando por outro lado a importância do «públicoalvo». «Houve uma grande abertura nas artes plásticas, como na escrita ou na filosofia, o que resultou numa grande perda de sentido. O capitalismo tem o objectivo de fazer dinheiro e esse é também o de Hollywood, que produz os filmes que têm sentido para o seu público-alvo. Eu opero da mesma maneira, procurando um público-alvo e um objectivo claro, até porque a maior parte das coisas que vemos hoje não querem dizer absolutamente nada».
Procura, aliás, diferentes ângulos de abordagem, como aconteceu em Visionary Iraq, um filme que fez sobre o Iraque. Aposta sempre num «exercício de imaginação». Fez já uma longa-metragem, O grande abraço de Gabriel Abrantes, em Trás-os-Montes, na aldeia dos seus bisavós paternos, onde costumava passar os Verões e que um dia demandou numa tentativa de encontrar qualquer coisa que não achava em Nova Iorque, onde vivia. Instalou-se na velha casa da avó e pensou rodar um dilúvio, usando os jovens locais como actores: «Tenho sempre a ideia de escolher audiências muito estranhas, que não têm voz, como a desta aldeia, uma das que
vão desaparecendo por causa da globalização », diz. Usou também elementos de telenovelas como contos tradicionais, do folclore transmontano e da recolha de Leite de Vasconcelos. É um filme que pretende fazer passar no circuito dos festivais, não em galerias. E não esconde o desejo de fazer um épico. Assim venda quadros para isso. Em todo o caso, experimenta já um certo toque conservador, «no caminho do ICAM», comenta irónico.
Gabriel Abrantes nasceu em Chapel Hill, na Carolina do Norte, Estados Unidos, para onde os pais médicos, haviam emigrado. Veio para Portugal aos quatro anos, seguindo depois para Bruxelas, até aos sete, e de novo para os EUA. Fez o curso de Fine Arts and Cinema, na Cooper Union for the Advancement of Science and Art, em Nova Iorque, onde experimentou intensamente as diferentes práticas artísticas, da escultura ao cinema. Frequentou no ano passado um mestrado no Le Fresnoy, Studio Nacional des Arts Contemporains, em França e actualmente vive em Lisboa.
A inclinação para a arte, que vem de alguma maneira de família – o pai também pintava e é parente do pintor João Vieira e de Manuel João Vieira – tornouse total. Também faz música e performance, o projecto de one man band, em que pode tocar bombo com o pé, bandolim com as mãos e ainda cantar. Apresentou-se pela primeira vez em público se recentemente no Maxime. Não correu mal: «Algum pessoal disse que tinha muita lata e houve algumas pessoas que gostaram da música. Eu estava muito nervoso eenvergonhado. E nesse sentido foi importante no meu trabalho. Porque há muita vergonha na arte contemporânea».
Em Agosto vai expor em Brasília um filme que irá fazer na Amazónia e em Novembro terá uma exposição em Paris.
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