quinta-feira, 7 de maio de 2009

Até à última Gota


Gota d'Água, um musical corrosivo



A própria actriz, Izabella Bicalha, avisara-me que era um musical de onde se saía com um nó na garganta. O que eu não tinha percebido é que nó era um eufemismo. Como dizia o meu camarada Rodrigues da Silva, Gota d’Água é mesmo um pontapé nos t... (isso mesmo). Nem outra coisa poderia acontecer, pois é uma adaptação da Medeia, a mais trágica das tragédias gregas. Isto aplicado a um musical torna-se absolutamente extraordinário. Pois não, não estamos na Broadway. Nem são as alegres safadezas da Ópera do Malandro. Este é um musical a doer. Com momentos de grande teatro. E eu, que nem sou particularmente admirador do género, rendi-me à evidência.
E depois, claro, há a música de Chico Buarque. E todo aquele contexto social, que paraboliza a situação do Brasil durante a ditadura militar. Meu Deus, como é que isto passou na censura? É um musical de esquerda (outra originalidade?), doutrinário, didáctico, que incentiva a insurreição, a luta contra as injustiças sociais, a união dos pobres contras os ricos malvados. E a gente vai levando.
Gota d’Àgua, de Chico Buarque e Paulo Fontes, Encenação: João Fonseca. Direcção Musical: Roberto Bürgel. Elenco: Izabella Bicalho, Claudio Lins, Armando Babaioff, Maíra Kestenberg, Luca Castro, Claudia Ventura, entre outros. Representações: CCB, de 6 a 9 de Maio, às 21 horas (bilhetes de 15 a 38 euros); Centro Cultural das Caldas da Rainha, 13 de Maio (12, 5 a 25 euros); Cine-Teatro de Estarreja, 15 de Maio, às 21 e 30 (15 a 20 euros); Centro de Artes e Espectáculo da Figueira da Foz, 16 de Maio, às 21 e 30 (25 euros); Coliseu do Porto, 20 de Maio, às 21 e 30 (28 a 35 euros); Teatro das Figuras (Faro), 23 de Maio, às 21 e 30 (25 a 30 euros)

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