sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Novos comissários na Arte Contempo


Adriana Delgado Martins, Leonor Veiga e Marisa Vinha foram as vencedoras da iniciativa anual Novos Comissários, da Associação Arte Contempo, cujo principal objectivo é contribuir para a divulgação de novos criadores, tanto na área artística, como na curadoria. Com o sugestivo título Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, esta proposta procura reflectir sobre a existência fragmentada e sobre o ténue equilíbrio diário que cada pessoa enfrenta no quotidiano.
As próprias comissárias são mulheres «desterritorializadas», recém-chegadas a Lisboa depois de longos e diferentes percursos por outras latitudes, inquietas e contraditórias, entre explosões e apatias que tocam, por vezes perigosamente, os seus limites psicológicos», como se pode ler na apresentação da mostra.
Para trabalhar este conceito Adriana Delgado Martins, Leonor Veiga e Marisa Vinha convidaram dez artistas. São elas Ana B, Claudia Fischer, Daniela Krtsch, Eduarda Silva, Margarida Palma, Paula Albuquerque, Raquel Schefer, Silvia das Fadas, Tatiana Macedo e Valeria Galizzi.
Neste diálogo entre as mulheres e a cidade, as noções de territorialidade e identidade são exploradas através de obras que evocam a paixão, ansiedade, stress, pânico, medo, dor, melancolia, apatia e vazio. Almodôvar, Deleuze e Homi Bhabba são algumas referências cinematográficas, sociológicas e filosóficas presentes nestes trabalhos, num constante confronto com o Outro.
A exposição é inaugurada hoje, na sede da Associação Arte Contempo, na rua dos navegantes, em Lisboa, ficando patente até 28 de Março de 2009.

Duas obras, e respectivas sinopses, presentes na exposição:

GMT minus 5, de Paula Albuquerque (2009, 5’’ DV Pal – Stereo): Duas jovens semi-nuas trabalham num bar em Nova Iorque. É Inverno. Matam o tempo a retocar maquilhagem e a falar ao telefone, esporadicamente recebem clientes. Através de um trabalho de montagem de imagem e de som constroem-se e desconstroem-se possíveis narrativas, desestabilizadas pela inclusão de ruídos, música atonal, sons de rua, manipulações e sugestões de soundscapes. Nos espaços intermédios da imagem, encontramos a experiência de uma proximidade artificial com o objecto. Um objecto virtual, no espaço e no tempo (imagens recolhidas através de uma web cam oculta).

Sem Sobressalto, de Silvia das Fadas (2009, 8’’ DV Pal): Inspirado no livro Memórias de um Amnésico, do escritor e músico Eric Satie, este é um exercício que nos permite várias camadas de leitura. Da precisão à obsessão, da rotina à loucura. O branco. Pautado pelo som de um microondas, o gesto do universo doméstico sobrepõem-se ao gesto do universo do conto.

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