quarta-feira, 30 de abril de 2008

Go Go Tales, de Abel Ferrara

Abel Ferrara é um iconoclasta com um percurso ecléctico, tendo começado no cinema pornográfico. Seguindo a sua carreira, verifica-se um percurso surpreendente, entre as primeiras obras, com filmes de culto de série B, como The Driller Killer, até à densidade filosófica de Os Viciosos ou o penútimo filme, Mary. Em Go Go Tales centra-se num dos seus cenários predilectos, com o seu actor de eleição. Willem Dafoe é gerente de um bar de strip-tease à beira da falência. E a câmara de Ferrara enclausura-nos naquele ambiente moderadamente decadente, fazendo-nos crer que aquele microcosmos é o mundo. Sem qualquer juízo moral. Pelo contrário, há uma certa naturalidade no tratamento do tema, ou melhor, do cenário, mostrando-nos de forma não chocante a vulgaridade do mètier, gerido como se fosse uma mercearia. Aliás, toda essa visão de um espaço fechado lembra a obra derradeira de Robert Altman, A Prairie Home Companion. Contudo, ao contrário de Altman, Go Go Tales centra-se numa só personagem.

Fórum Lisboa, dia 30, às 22 e dia 3, às 19

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