segunda-feira, 20 de abril de 2009

A polémica biografia de Paulo Coelho

O subtítulo é prometedor. Nele se promete a incrível história de um «menino que nasceu morto, seduziu o anjo da morte, sofreu em manicómios, mergulhou nas drogas, experimentou diversas formas de sexo, encontrou-se com o diabo, foi preso pela ditadura, ajudou a revolucionar o rock brasileiro, redescobriu a fé e transformou-se num dos escritores mais lidos do mundo».
É a muito aguardada biografia do escritor brasileiro Paulo Coelho, uma das figuras mais controversas da literatura mundial, desprezado por críticos e adorado por leitores. Um fenómeno de vendas (mais de 100 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo) e de popularidade (já recebeu várias condecorações) que dava um livro fascinante.
Foi a essa tarefa que se lançou Fernando Morais, autor de várias biografias de referência, como Olga, Chatô, Na Toca dos Leões ou Montenegro. Seguindo o rastro da sua vida, o conceituado jornalista brasileiro tentou compreender Paulo Coelho nas suas múltiplas dimensões, em particular no confronto entre a esfera pública e privada. Para isso, teve o privilégio de poder consultar inúmeros documentos pessoais do autor de Brida, O Alquimista, O Monte Cinco ou A Bruxa de Portobello, incluindo um baú que continha 40 anos de diários, alguns gravados em cassetes.
«Procurei Paulo Coelho em todos os lugares possíveis e fui atrás dos acontecimentos que tantas cicatrizes haviam deixado na sua história», escreve Fernando Morais na introdução a O Mago, uma edição da Planeta. «Procurei-o nos becos sombrios dos bas-fonds de Copacabana, nos prontuários dos loucos e nas ruínas da antiga Casa de Saúde Dr. Eiras, no perigoso mundo das drogas, nos arquivos da repressão política, no satanismo, nas misteriosas sociedades secretas, na parceria com Raul Seixas, na sua família e na sua genealogia».
No total, entrevistou mais de 100 pessoas. «Vasculhei sua vida, revirei sua intimidade, remexi no seu testamento, fucei bulas de seus remédios, li suas contas pessoais, mexi nos seus bolsos, procurei filhos que eu imaginava terem sido gerados em seus casamentos e aventuras amorosas», conclui o jornalista brasileiro. E, no fim, descobre-se o retrato de alguém que bem poderia ser uma das muitas personagens que Paulo Coelho criou para os seus romances.

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