Para o Zé Manel Rodrigues da Silva, grande amigo e inspirador
I
No princícipo eras as palavras
Milhões delas
Daquelas que saem pelos cotovelos
E continuam pelo corpo fora
Eras o coração também
O coração batendo palavras
Feliz com aquele brilho
De quem ensina a alguém
No princícipo sempre foste algo muito precioso
Um pedaço de terra onde nasce a variedade dos frutos
Uma ave rara que se mistura
Com o resto do mundo porque ele está cheio de diversidade
Uma pessoa generosa que se empenha
A lutar pelos mais indefesos
Queria dizer-te que sempre foste demasiado grandioso
Estás acima de muitos
Pertences àqueles que não se curvam:
São os mergulhares do mundo
Dizes as formas das cousas ousadas
Abrindo as janelas dos saberes
A qualquer gente
A tua compaixão e crença
No ser humano são as tuas maiores virtudes
És um homem que dá rumo
À vida de outros com a tua luz
No princícipo eras a palavra e sempre serás
II
Seguro uma vela
A uma grande profundidade do céu
Segura-a para ti
Iluminando um caminho que não conheço
Seguro-a e tu virás atrás de mim
Rir-nos-emos de todos os momentos coloridos
Que somos nós dois
Que és com os outros
De repente muitas velas acendem-se para ti
E tu saberás que eu não te largarei a mão
III
Dás-me a mão da palavra?
Porque penso que me perdi no caminho
Dirias: claro
Porque é isso que tu és
Um humanista
Dás, dás e pensas em formas de dar
Algures no teu caminho
Incomparável e imensurável
Adjectivos nada exagerados
As pessoas simples, às vezes, são mesmo essas
Não foi também o que nos ensinaste?
IV
As noites serenas que passas
Escutando os grilos da cidade
À volta dos teus livros
Abandonado a um corpo meio sonolento
Mas ainda meio agitado
Um rio que não pára
Pois as suas correntes são energéticas
E misturam-se pelo outro adentro
O amor é um mistério dizes
Deambulamos em areias movediças
Mas é uma oferenda, dizes
Dizes muitas coisas,
Sou, às vezes, incapaz
De as ouvir de todas
Mas é assim que a sabedoria avança
A tua fertilidade inspira e fecunda
Rebentando a seiva límpida
Dos pomares em época de colheita
Dizes sempre que se deve crer no melhor
Pois se de esperanças somos desprovidos
As brasas da vida
Acabarão por desvanecer
Os frutos já maduros
Aguardam a tua mão como sempre
Sofia Fontes Leal, 10/01/2009
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
No princícipo eras as palavras
Publicada por Manuel Halpern à(s) 21:27
Etiquetas: Rodrigues da Silva
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1 comentários:
Já tive oportunidade de recordar à Sofia aquilo que o Rodrigues da Silva pensava da escrita dela. Esperamos todos vê-la publicada.
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