...o nosso amigo, o Zé Manel, o último editor de infantaria, o jornalista do eu, o que escrevia as breves, o da escrita gaga, o que aspirava livros, o que um dia disse a uma doutora de um instituição muito importante «não me copule», o que tinha a cagança de nunca votar no PS e queria que se soubesse, o que odiava reuniões, o que detestava «coquetéles», o que sentia falta de uma história dos jornalistas, o que proibia a palavra «evento» e dizia que «incontornável» era uma pessoa muito gorda, o que fazia um blogue de parede, o que não perdia tempo a dizer mal de um filme quando havia outros com coisas boas para se dizer, o inventor das palavras «conanas» e «lambéconas», o primeiro jornalista a entrevistar António Lobo Antunes, o maior defensor do Manoel de Olivieira, o professor que só dava vintes, o que dizia «podes escrever sobre pop desde não me obrigues a ouvir essa merda», o que fazia crónicas que falavam sobre tudo e até sobre cinema, o que considerava Portugal um país tão pequeno que não dava para a tragédia apenas para o drama, o que achava que todos os grandes jornalistas acabam esquecidos.
Nós não nos esquecemos.
O Zé Manel morreu na madrugada de dia 10. Brevemente daremos a informação do velório e funeral.
Crónicas do Rodrigues da Silva:
1 comentários:
Bela homenagem que lhe estão a fazer. Só hoje consegui chorar (com lágrimas) a partida do Zé Manel. Espero que a homenagem não pare depois do assombro da sua morte. Há tantos textos dele que podem publicar, aqui ou num blog a criar para o efeito
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