sexta-feira, 11 de julho de 2008

Os favoritos do Curtas, segundo o JL

E se dos Óscares se tratasse, em Vila do Conde haveria cinco nomeados para o prémio principal da Competição Nacional. Na minha opinião, deveriam ser (por ordem de exibição):

Cândido, de Zepe
Depois de Stuart, uma divagação à volta da obra gráfica de Stuart Carvalhais, José Pedro Cavalheiro volta a surpreender com um excelente trabalho de animação. A técnica usada é carvão sobre papel vegetal e centra-se na relação entre duas personagens. A cor é usada de forma inteligente para separar dois ambientes contrastantes. O filme tem circulado pelos principais festivais europeus de animação e ganhou em Cinanima. Também passou no Indie. Seria justo, mas é pouco provável que ganhe o prémio de Vila do Conde. Até porque em 16 anos de história o júri nunca atribuiu o prémio principal português a uma animação.

A Felicidade, de Jorge Silva Melo
Será que aos 72 anos Fernando Lopes está a recuperar uma carreira perdida de actor? Ao exemplo do que aconteceu em Lovebirds, de Bruno de Almeida, em A Felicidade encontramos uma imensa ternura espelhada no rosto de uma personagem… que se despede. Um filme comovente, capaz de transmitir emoções fortes e até talvez lágrimas. Perde apenas pelo final explicativo.

Alpha, de Miguel Fonseca
Não são necessários efeitos especiais para fazer um filme de ficção científica. Miguel Fonseca estreia-se com uma obra ousada situada num admirável mundo novo, talvez não muito distante, com robots humanóides capazes de realizar as mais complexas tarefas. Assim como no clássico Blade Runner, o robot termina terrivelmente só. Mas não está programado para chorar. Não seria a primeira vez que o júri decidia atribuir o prémio a um estreante. João Nicolau (actor neste filme) recebeu o prémio mais importante do certame com o seu primeiro filme, Rapace.

Caravaggio, de José Maria Vaz da Silva
Um exercício estético deslumbrante. Ao exemplo do que fez Peter Greenaway em A Ronda da Noite com Rembrandt, Vaz da Silva parte do universo estético de Caravaggio para contar uma pequena história e homenagear o pintor. Um filme de encher o olho, produzido por Paulo Branco.

Instantes, de Miguel Clara Vasconcelos
É uma forma muito original de abordar o difícil tema da violência doméstica. Tendo como cenário o Porto, Miguel Clara Vasconcelos usa um drama para falar de outro drama. Uma montagem hábil e um ousado cruzamento de género – ficção e documentário – com resultados à vista. É um dos grandes favoritos ao prémio. Prémio este que o realizador já ganhou uma vez com a sua excelente obra Documento: Boxe.

0 comentários: