Que dose de culpa há num gesto feito aos 13 anos e que demorou apenas uma fracção de segundos a consumar-se? Ao longo de toda a vida, Briony Tallis descobrirá que pode haver uma culpa imensa, daquelas sem hipótese de atenuantes, sobretudo quando o tempo e a morte se encarregaram de tornar irremediáveis as consequências de tão breve gesto.
Este é o ponto de partida de Expiação, o romance do inglês Ian McEwan, que, como nele é recorrente, explora como poucos as zonas mais sombrias da alma humana e, como tal, do filme homónimo de Joe Wright, nomeado para 7 Óscares da Academia. Servida por um excelente elenco (Keira Knightley, James McEroy, Vanessa Redgrave num pequeno papel e a pequena grande actriz, nomeada para melhor actriz secundária, Saiorse Ronan como Briony aos 13 anos), a versão cinematográfica de Expiação sacrifica algumas vezes o intimismo da obra de McEwan a uma espectacularidade que, em alguns momentos, roça o académico e a necessidade de exibir recursos. Não se pense, todavia, que Joe Wright se fica pelo filme de época à moda da dupla Merchant & Ivory (responsável por filmes como Regresso a Howard's End ou Quarto com Vista sobre a Cidade). O realizador ganha a aposta nos momentos mais melodramáticos da narrativa, em que a intensidade dramática e o ritmo, frequentemente alucinante, atingem níveis dificilmente superáveis.
1 comentários:
Um excelente filme, vi-o este fim de semana!
Cumprimentos, Moura Aveirense
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