Pirata que não enjeita um toque de eyeliner, agente infiltrado tomado de filial afecto por um mafioso pobre, menino perdido com mãos de tesoura... De todas estas faces (e muitas mais) se faz a imagem cinematográfica de Johnny Depp, nomeado para o Óscar de melhor actor pelo seu papel em Sweeney Todd, de Tim Burton. Aos 44 anos, Depp não hesita em enfrentar mais um desafio: sob a direcção do seu amigo, Tim Burton, canta a tragédia, o ódio e a vingança numa Londres tão negra como a dos romances de Charles Dickens. Benjamin Barker regressa à metróple depois de longas penas (injustamente) sofridas na Austrália e associa-se a uma das piores cozinheiras de Londres (Helena Bonham Carter). No piso térreo da casa, ela cozinha as empadas mais repugnantes do Império Britânico, no andar de cima, ele volta ao seu ofício, mas o ódio consome-o como um copo de veneno. Da miséria moral e financeira dos dois resultará a expansão do negócio, tão inesperada como bem sucedida.
Johnny Depp canta e encanta? Não, canta e assusta como é exigido por tão negra história. Com uma contenção extrema, o seu rosto transmite todo o horror de quem só, na morte, encontra alguma paz. Óscar à vista? Talvez, mas, este ano, a concorrência é de peso.
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