quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Olá Jorge Palma!



Em tempo de balanços, permitem-me que eleja a melhor canção portuguesa do ano. Olá (cá estamos nós outra vez), de Jorge Palma. Faz parte do álbum Voo Nocturno que já atingiu a dupla platina. A canção começa onde termina Nunca é tarde para se ter uma infância feliz (Do Lado Errado da Noite, 1985), em que canta: «Olá, a que horas parte o teu comboio?/ O meu é às cinco e trinta e três». Aqui, pergunta: «Olá, sempre apanhaste o tal comboio? Eu já perdi dois ou três». É Jorge Palma no seu melhor, a coloquialidade deste «olá», ou do «talvez agora a coisa dê» são de um encanto inigualável. Palma admite a influência de Jacques Brel. A letra está cheia de pormenores deliciosos: «escrevo não sei o quê arroba ponto com» ou «eu quero dar-te um beijo a cinquenta e tal graus». Musicalmente é primorosa. Vai aumentando de velocidade até a uma pausa, dada pelo piano, e depois repete as estrofes a um ritmo electrizante, que nos deixa em êxtase. Puro êxtase.

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