Lembra-se daquela frase que ouvia na escola: «Epá, isso da História é só calhamaços»? Pois, esqueça-a, que isto hoje está tudo mudado. É que os livros de bolso regressaram em grande, passe a contradição. E se, num primeiro momento, a ficção ficou a ganhar, com a Biblioteca Independente, da Assírio & Alvim, Cotovia e Relógio d’Água, e com a Booket, da Dom Quixote; agora é a vez da História.
A iniciativa é da Quidnovi e é de louvar. Senão vejamos. Os livros, apesar de pequenos, são escritos por especialistas na matéria. O grafismo, quer da capa, quer do texto, é limpo e legível. Tem reproduções a cores no interior, com iconografia da época e também mapas explicativos. As temáticas são abordadas de uma forma simples, dirigida ao público em geral, o que acompanha o esforço científico que se tem verificado na área da História, quer nas universidades do país, quer nas próprias editoras. E, last but not least, o preço: 4,90 euros. Sim, leu bem, 4,90 euros, e ainda há por aí quem faça dez por cento de desconto sobre o preço de editor. É de meter o livro ao bolso.
Os primeiros lançamentos desta «Biblioteca Histórica de Portugal», assim se chamam estes livros de bolso, que contam com a colaboração da Academia Portuguesa da Historia, centram-se em algumas batalhas decisivas para a formação e consolidação de Portugal. Margarida Garcez Ventura escreve sobre A Definição das Fronteiras, desde a nomeação de D. Henrique para o governo do condado portucalense, em 1096, até à assinatura do Tratado de Alcanices, em 1297, quando são delimitadas as fronteiras entre Portugal e Espanha. Avançando um século, Luís Miguel Duarte aborda a primeira grande crise da nossa independência, em Aljubarrota. Trata-se, como o subtítulo indica, da «crónica dos anos de brasa» que se viveram entre 1383 – 1389. Uma ameaça espanhola que teria consequências no futuro, desta vez com os papeis invertidos. É o que Manuela Mendonça nos explica em O Sonho da União Ibérica, quando D. Afonso V, dividido entre o projecto europeu de conquistar nuestros hermanos e a hipótese de levar a bom porto a odisseia dos descobrimentos, desencadeia uma guerra luso-castelhana, entre 1475–1479. A derrota foi pesada, só comparável à retratada pelo quarto volume: Guerra Peninsular, de 1801-1814, descrita por António Pedro Vicente. É o prenúncio e a consumação das Invasões Francesas, que atravessou o país de alto a baixo. Deixou marcas até hoje, pois muitos ainda reclamam Olivença como nossa. Mas isso são outras contas. E outras histórias.
Registe-se, ainda, que estes quatro lançamentos configuram, dentro da Biblioteca Histórica de Portugal, uma colecção autónoma, intitulada Guerra e Campanhas Militares. Terá no total 24 títulos, sobre outros tantos conflitos, quer sejam armados, diplomáticos ou equívocos. Estão previstas outras colecções sobre ilustres mulheres da nossa História ou crónicas medievais.
Há coisas fantásticas, não há? E sem mensalidade.
0 comentários:
Enviar um comentário