segunda-feira, 9 de março de 2009

Quadros de uma amizade


Aos poucos, através do Centro de Arte Manuel de Brito, vai sendo possível conhecer, com maior profundidade, o papel que o fundador da Galeria 111 teve na dinamização das artes plásticas do século XX. Divulgando novos nomes, incentivando-os a continuar ou segurando-os nas alturas mais difíceis, a contribuição foi de tal forma decisiva que a sua colecção privada é suficiente para dar uma panorâmica das últimas décadas ou mesmo para a realizarão de retrospectivas individuais. É o que acontece agora com António Palolo. Em 1964, Manuel de Brito organizou a primeira exposição do artista, nascido em Évora, em 1964, e falecido em 2000. Aqui se apresentam obras desde essa época até à década de 80, período em que a sua estética se afirmou na plenitude. Num primeiro momento, ligada ao informalismo e à recusa de qualquer forma; mais tarde, navegando pelos terrenos da neofiguração, da nova abstracção e, inclusivamente, do conceptualismo. A sua marca, no entanto, sempre se expressou em cores fortes e justapostas, reinterpretando as temáticas do maravilho e da infância. A ilusão óptica é muitas vezes utilizada com o objectivo de introduzir várias camadas na leitura dos quadros. Embora o pintor tenha tido uma sólida formação teórica, há em toda a sua obra uma ironia que procura desmontar o léxico artístico da contemporaneidade. Nesse sentido, é um artista profundamente actual. Como esta exposição, patente no Palácio Anjos, até 17 de Maio e espelho de uma amizade, consegue provar.

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