quinta-feira, 24 de julho de 2008

A Terceira Mãe

Há vidas em que os laços são nós - demasiado apertados, castradores, por vezes górdios, tão poucas são as hipóteses de libertação que deixam a quem, por razões díspares, se deixa enlaçar. Com uma notável capacidade narrativa, Julieta Monginho põe em «cena» várias personagens perdidas em relações familiares e afectivas que ora as atraem, ora as repelem, em que o branco quase nunca é imaculado e o negro não encerra a escuridão absoluta. A Terceira Mãe, o seu último romance (edição Campo das Letras) inicia-se no princípio do século XX, quando a moral e os bons costumes impunham uma autêntica ditadura sobre os corpos e a sexualidade (nomeadamente a feminina), mas evolui até à nossa época, em que os supostos direitos adquiridos nem sempre significam uma vida mais fácil ou mais feliz. Uma obra inteligente e de leitura aliciante.

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