quinta-feira, 15 de maio de 2008

Possessão, A.S.Byatt



Há um par de anos, quando encontrei Possession de A.S. Byatt, na livraria Galileu de Cascais, senti-me uma privilegiada. A leitura era difícil (mais de 600 densas páginas cheias de informação sobre o Romantismo literário inglês do século XIX), mas o esforço foi compensado pelo briho de tal leitura. Em breve, Possession - digo-o sem hesitações - tornava-se um dos livros da minha vida.


Distinguido em 1990 com o Booker Prize, este romance decorre paralelamente em duas épocas e conta duas histórias de amor - a dos poetas oitocentistas Randolph Henry Ash e Christabell La Motte e a de dois jovens universitários que, no final do século XX, são surpreendidos pela pujança de tal ligação (adulterina) em plena época vitoriana. Ao mesmo tempo, descobrem que, também para eles, filhos da revolução sexual, há espartilhos e contigências nascidos, não tanto das conveniências sociais, mas do medo da dor e da perda.




A extrema beleza do romance de A.S.Byatt assenta, pois, em dois grandes pilares: a análise dos sentimentos dos protagonistas e dos lugares de vulnerabilidade a que estes os conduzem, por um lado, e o rigor de linguagem com que reconstitui o universo mental e cultural dos românticos, através de duas figuras fictícias mas que a autora torna dignos pares de autores britânicos e irlandeses de meados do século XIX como William Butler Yeats, o casal Browning ou Thomas Hardy.


Chega agora às livrarias a versão portuguesa (Sextante Editora), em tradução de António Pescada, como se impõe numa obra de tal complexidade e ambição.


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