sexta-feira, 14 de março de 2008

Da banda sonora como narrativa



Incansável coleccionadora de bandas sonoras, tendo a dividi-las em duas categorias: as que servem apenas como ilustração e acompanhamento, mais ou menos bonitinho, de um filme e as que, pelo contrário, as integram na narrativa. Neste domínio, como noutros, o cinema clássico norte-americano deu cartas e criou escola, com compositores, como Alfred Newman ou Max Steiner, capazes de criar um ambiente dramático, romântico ou de suspense com uma extrema eficácia.

Mas poucos foram tão longe como o italiano Ennio Morricone, autor de bandas sonoras inesquecíveis como as de filmes como Days of Heaven; Teorema; Por um Punhado de Dólares; Era uma vez na América ou Os Intocáveis. No passado fim-de-semana estive a rever aquele que é, provavelmente, o trabalho mais importante de Morricone: a sua colaboração com Sergio Leone no filme O Bom, o Mau e o Vilão. Com Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach nos papéis titulares, a banda sonora assume também ela protagonismo, a ponto de se tornar também ela uma personagem. Na música de Morricone está toda a desolação de uma paisagem tão inóspita como o coração dos que a habitam. Imperdível.

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