sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Ainda bem que há cowboys


Juno é a maior surpresa entre as nomeações para os Óscares. Uma deliciosa comédia de adolescentes, mas, nem por isso adolescente, que sobrevive à custa do desempenho de Ellen Page. Ao que parece a Academia tem esta tendência para nomear um desalinhado, talvez para simular a insubmissão face ao poder da indústria. Insubmissão essa que não é real, caso contrário nunca seria nomeado um filme como Michael Clayton (não encontro outra explicação para esta nomeação senão os nomes sonantes da ficha técnica).
O ano passado, o desalinhado de serviço foi o brilhante Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos. Este Juno está uns furos abaixo, e nem chega a descolar-se da estética mainstream. Embora, repito, seja uma comédia deliciosa. As quatro nomeações são já um prémio. Não deverá ganhar nenhum Óscar importante (quanto muito o de melhor actriz), porque, além do mais, a Academia não gosta de premiar comédias.
E é mesmo um absurdo estar nomeado para melhor realização quando a Expiação escapou esta categoria. Ridículo, porque o melhor que Expiação tem é mesmo a realização, com destaque para o magnífico plano de sequência no Porto de Dunquerque. Aparentemente, seria um filme do agrado da Academia, mas, não estando nomeado Joe Wright para melhor realizador, não é de esperar que ganhe o melhor filme.
Excluindo também Michael Clayton, por ser demasiado banal, a luta para o melhor filme deverá ser travada a dois: Este País não é para velhos contra Haverá Sangue. Dois filmes que têm em comum o redescobrimento do western, com referências a grandes mestres do género, no primeiro a Sam Peckimpah, no segundo a John Houston (O Tesouro da Sierra Maestra). São realizadores com provas dadas e grande talento tanto por trás da câmara, como na construção do argumento. Um duelo com oito balas para cada um.




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