sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Tolstoi por King Vidor

Durante muitos anos, obras literárias com a dimensão e a complexidade de Guerra e Paz, de Tolstoi (ou Em Busca do Tempo Perdido, de Proust) foram consideradas inadaptáveis ao cinema, como que demonstrando que as relações entre ambas as artes e suas linguagens nunca poderiam ser amistosas. Mas, em 1956, King Vidor, cineasta norte-americano de origem húngara com créditos firmados graças a filmes como Duelo ao Sol ou Vontade Indómita, pegou no clássico russo, dotou-o com um grande elenco (em que se destacam Audrey Hepburn e Henry Fonda, notáveis como Natacha e Pierre, Vittorio Gassman e Mel Ferrer) e mostrou que um extraordinário livro pode dar origem a um também extraordinário filme.

Vidor faz o mais difícil para alguém que trabalhava em cinema e na Hollywood dos grandes estúdios - manter-se fiel ao espírito da obra, quer nos momentos avassaladores das grandes batalhas (Austerlitz e Borodino), quer nos close up's que faz descer sobre as almas das personagens. Ao espectador, o cineasta consegue transmitir a ideia de que a genialidade de Tolstoi estava tanto na capacidade de escrita como na espécie de omnisciência sobre o género humano de que deu mostras. Ao olhar (e que olhar!) do cineasta não escapa sequer algo tão invisual e informe como o forte sentido religioso que dominaram a vida e obra do escritor.
A exibir hoje, às 21.30, no canal Hollywood.




1 comentários:

JBMartins disse...

filmar Guerra e paz é facil. Presta-se a um filme longo ou a uma serie televisiva de alguns episódios.
Em Busca do tempo, é dificil a adaptação ao cinema. O que foi feito não satisfaz.
A propósito de adaptações: para quando uma adaptação Dos Lusiadas (grande produção) ou Dos Maias (e que bom filme pode dar)