Rústicos pelo Epicurismo, dos Gato Fedorento
Os Gato Fedorento não são músicos. Mas ao longo de alguns meses produziram os seus próprios telediscos (música de Armando Teixeira), no Zé Carlos, série marcante da televisão portuguesa. Esses telediscos, agora lançados em CD e DVD, contêm algumas pérolas de humor musical. O meu preferido é logo o primeiro, apresentado pelos Rústicos pelo epicurismo. Com uma influência directa dos Monty Python, respondem à questão: Qual é o sentido da vida? (A resposta é fácil: nenhum). E cantam alegremente sobre a morte, como o refrão: «Nós vamos todos falecer!». Ricardo Araújo Pereira disse certa vez numa entrevista que se pode brincar com tudo menos com o sagrado. Agora tudo depende do que é sagrado para cada um. Aqui, abalançam-se sobre um dos maiores tabus da humanidade de forma seca e improvável. Se há coisa na vida que não tem graça é a morte. Mas aqui rimo-nos da nossa condição humana e da crueldade realista das palavras cantadas. Um exorcismo inteligentíssimo e quase chocante… em nome da vida.
Lembra-te de comer bem,
Bober também
E rir com vontade.
Mas melhor do que isto até
É praticar a se-xualidade.
Não percas tempo na estrada,
Não serve para nada,
Evita as filas.
Arranja uma boa mulher
Ou um gajo qualquer,
Se fores larilas.
(Sabes porquê? PorqueÂ…)
Nós vamos todos falecer,
Patinar, bater as botas.
Eu vou esticar o pernil,
Conviver com as minhocas.
Tu vais fechar a pestana
E fazer para sempre ó-ó.
Nós vamos passar a ser húmus,
Que é uma espécie de cocó.
Prova o morango e a romã,
A uva, a maçã,
O figo e a cereja.
O mundo tem lindas cores
E belos odores,
Menos em Estarreja.
Tenta por todos os meios
Viver sem receios,
Não há que temer.
Quer tenhas ou não tenhas medo,
Mais tarde ou mais cedo tu vais falecer
Nós vamos todos falecer,
(Eu não vou! Olha que vais!)
Patinar, bater as botas.
Eu vou esticar o pernil,
Conviver com as minhocas.
Tu vais fechar a pestana
E fazer para sempre ó-ó.
Nós vamos passar a ser húmus,
Que é uma espécie de cocó.
Expirar, falecer, extinguir, apagar,
Cessar, fenecer, esvair, patinar,
Morrer, acabar, definhar, concluir,
Perecer, terminar, descansar, sucumbir.
(Estava a brincar!)
Nós vamos todos falecer,
Patinar, bater as botas.
Eu vou esticar o pernil,
Conviver com as minhocas.
Tu vais fechar a pestana
E fazer para sempre ó-ó.
Nós vamos passar a ser húmus,
Que é uma espécie de cocó,
Os Gato Fedorento não são músicos. Mas ao longo de alguns meses produziram os seus próprios telediscos (música de Armando Teixeira), no Zé Carlos, série marcante da televisão portuguesa. Esses telediscos, agora lançados em CD e DVD, contêm algumas pérolas de humor musical. O meu preferido é logo o primeiro, apresentado pelos Rústicos pelo epicurismo. Com uma influência directa dos Monty Python, respondem à questão: Qual é o sentido da vida? (A resposta é fácil: nenhum). E cantam alegremente sobre a morte, como o refrão: «Nós vamos todos falecer!». Ricardo Araújo Pereira disse certa vez numa entrevista que se pode brincar com tudo menos com o sagrado. Agora tudo depende do que é sagrado para cada um. Aqui, abalançam-se sobre um dos maiores tabus da humanidade de forma seca e improvável. Se há coisa na vida que não tem graça é a morte. Mas aqui rimo-nos da nossa condição humana e da crueldade realista das palavras cantadas. Um exorcismo inteligentíssimo e quase chocante… em nome da vida.
Lembra-te de comer bem,
Bober também
E rir com vontade.
Mas melhor do que isto até
É praticar a se-xualidade.
Não percas tempo na estrada,
Não serve para nada,
Evita as filas.
Arranja uma boa mulher
Ou um gajo qualquer,
Se fores larilas.
(Sabes porquê? PorqueÂ…)
Nós vamos todos falecer,
Patinar, bater as botas.
Eu vou esticar o pernil,
Conviver com as minhocas.
Tu vais fechar a pestana
E fazer para sempre ó-ó.
Nós vamos passar a ser húmus,
Que é uma espécie de cocó.
Prova o morango e a romã,
A uva, a maçã,
O figo e a cereja.
O mundo tem lindas cores
E belos odores,
Menos em Estarreja.
Tenta por todos os meios
Viver sem receios,
Não há que temer.
Quer tenhas ou não tenhas medo,
Mais tarde ou mais cedo tu vais falecer
Nós vamos todos falecer,
(Eu não vou! Olha que vais!)
Patinar, bater as botas.
Eu vou esticar o pernil,
Conviver com as minhocas.
Tu vais fechar a pestana
E fazer para sempre ó-ó.
Nós vamos passar a ser húmus,
Que é uma espécie de cocó.
Expirar, falecer, extinguir, apagar,
Cessar, fenecer, esvair, patinar,
Morrer, acabar, definhar, concluir,
Perecer, terminar, descansar, sucumbir.
(Estava a brincar!)
Nós vamos todos falecer,
Patinar, bater as botas.
Eu vou esticar o pernil,
Conviver com as minhocas.
Tu vais fechar a pestana
E fazer para sempre ó-ó.
Nós vamos passar a ser húmus,
Que é uma espécie de cocó,
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