sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson:apenas os negros dançam assim




Michael Jackson é uma das personagens mais fascinantes da história da cultura popular e merece ser estudado a nível artístico, sociológico, antropológico, racial, mercantilístico, genético, entre muitas outras perspectivas que vão muito além da minha competência. Musicalmente, considero-o pouco estimulante. Mas tal é apenas um pormenor. E não preciso de gostar de tenis para reconhecer o talento de Roger Federer. Quando se ouve Billie Jean o talento salta à vista. E salta literalmente à vista, porque as imagens são soberbas. Uma coreografia fora-de-série colmatada com o famoso passo Moon Walk, que o próprio inventou.
Quer se queira quer não, quer se goste quer não, Michael Jackson tem um lugar na história da música pop e da cultura popular. Por inúmeros motivos. Foi o mais prodigioso menino-prodígio da música negra. Thriller é o álbum mais vendido de todos os tempos – e dada a crise e a baixa de vendas de discos tão cedo ninguém superará o record. Foi também o primeiro negro com teledisco na MTV. E, de alguma forma, com Thriller, revolucionou o conceito de teledisco, tornando-o, de forma vanguardista, não só numa importante ferramenta de marketing, mas também um objecto com pretensões artísticas.
Curiosamente, este homem, que fez com que muitos brancos quisessem ser negros, quis ele próprio tornar-se branco, num insano desafio genético. Transformou-se num monstro, mais assustador do que a personagem interpretada em Thriller. Mas, mais grave do que essa questão estética, revelou um intolerável preconceito racial, ofensivo para toda a comunidade afro-americana (e a humanidade em geral), o que talvez seja a atitude mais imperdoável da sua história. E estou certo de que se ele tivesse nascido branco não saberia dançar assim.

1 comentários:

António disse...

Duas rápidas observações:

(i) O Moon Walk não foi inventado por Michael Jackson, tendo sido utilizado desde 1955 por artistas tão diversos como Bill Baily, David Bowie ou até James Brown.

(ii) Jackson nunca tingiu ou descoloriu a pele. Ao invés, padecia de Vitiligo, uma doença de despigmentação melanocitosa cujos efeitos foram agravados pelos medicamentos que tomava contra uma outra doença auto-imune.