sexta-feira, 17 de abril de 2009

Um Xuto no Engenheiro


Sem Eira nem Beira, Xutos & Pontapés




Vai ser o grande sucesso deste Verão. Ao vivo, será insuperável. O Kalú salta da bateria e canta Sem Eira nem Beira, para delírio da multidão, e depois mergulha para o público.
Quem trouxe a canção para o reportório dos Xutos foi o próprio Kalú. Mas a letra é do Tim. Segundo ele me explicou, inicialmente dizia «senhor doutor» e imaginava uma cena no tribunal, o reu já a ser levado e a proferir ainda aquelas palavras. Mas depois mudou para engenheiro: «A grande diferença entre o PS e o PSD é mesmo essa, antes era doutor, agora é engenheiro».
Não é a primeira vez que os Xutos usam palavrões. O primeiro discos, 1979-1982, está cheio deles. E no tema Esta Cidade falam em 'Filhos da Puta'.
Falar em 'Foder' também não provoca pasmo maior na música portuguesa, depois do hit de Pedro Abrunhosa. Em Sem Eira nem Beira a palavra é usada no seu sentido não literal, como sinónimo de 'tramar' e não de 'fazer amor'.
Musicalmente é muito interessante, porque tem aquela acentuada mudança melódica no referão. Lembra-me O Gingão, dos Peste & Sida, naquela parte em que cantam «Senhor Aníbal, arranje-me mais um copo, que eu ainda não estou bem, aguento mais um pouco». Outra música que usa a palavra 'puta', não no sentido de prostituta, mas de outra coisa qualquer.
Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou - bem

Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar
Despedir
E ainda se ficam a rir

Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter
Uma vida bem melhor

Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar...

(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer

É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir

Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganar
o povo que acreditou

Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...

(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

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