sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Que estranho, o JL sem o Rodrigues da Silva

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Sou leitor do JL há vários anos, e o desaparecimento - apenas desta esfera, e isso é que me anima - de J.M. Rodrigues da Silva entristeceu-me profundamente.Com muita pena minha, nunca o conheci pessoalmente. Certa vez, quando andava em busca do nome de uma banda de músicos que havia visto no canal Mezzo, sem ter conseguido então fixar-lhes o nome, lembrei-me de ligar para a redacção do JL e pedir para falar com Manuel Halpern. Depois de lhe ter colocado a minha questão, apeteceu-me perguntar-lhe: "Pode-me passar ao jornalista R. da S.? Gostava de lhe dar um abraço pelo telefone...". Mas a timidez venceu-me e nunca sequer cheguei a escutar a voz de um jornalista que eu tanto admiro. Com R. da S. aprendi muito do que sei sobre cinema, sobre literatura, sobre arte, sobre escrita. Foram muitos anos de um quinzenal convívio que me enriqueceu como ser humano. Devo a JM Rodrigues da Silva a aprendizagem daquilo que realmente significa "Cultura". Ensaístas e escritores de renome debruçaram-se muitas vezes sobre este tema, mas poucos conseguiram, como R. da S., aquilo que é tão importante: o sentido de partilha da Cultura. R. da S. partilhava-a connosco, seus leitores, quinzenalmente. E a sua ausência desta esfera vai-nos custar muito, e doer-nos muito.Alguém disse, aquando da morte de Pushkin: "Que estranho, a Rússia sem Pushkin...". Eu acho que vai ser tão estranho, o JL e a Cultura sem Rodrigues da Silva.Envio-lhe por aqui o abraço que nunca lhe pude dar pessoalmente.
M. R. A.
PS: Parabéns a Marta Lança, pelo seu belíssimo e comovente texto.

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