terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Identidades - Maria Gil

Rádio Pirata: Arquivos Íntimos
Tudo começou com uma residência na ZDB. «Foram dois meses em que trabalhámos à volta do imaginário das rádios», diz Maria Gil, a ideóloga do projecto Rádio Pirata: Arquivos Íntimos, uma performance radiofónica, ao vivo, que hoje estreia e terá oito sessões na Galeria Zé dos Bois, ao Bairro Alto. «As rádios piratas serviam uma comunidade, falavam sobre o íntimo. Construímos os nossos textos a partir dessas ideias», conta a actriz e encenadora. Cada sessão conta com a presença do músico de improvisação Manuel Mota e de um/a convidado/a: Miguel Manso, Ana Brandão, Gisela Mendonça, Francisco Luís Parreira, Sara de Castro, John Cavanagh, Miguel de Jesus e João Poppe. Haverá ainda uma sessão para o programa Teatro Sem Fios, da Antena 2, e também para a Radio Six International, uma emissora on-line, que transmitirá a performance para o Chile e a Austrália.

Terrorismo poético

«Ir para um café e escrever tudo o que se ouve» eis uma das tarefas que Maria Gil descreve como «terrorismo poético». A partir daí, e entre outros exercícios, foram construídos os textos que chegam agora a Rádio Pirata. E a artista usa sempre o plural. «Este é um trabalho de equipa», afirma. Por isso mesmo refere-se a cada um dos que, das mais diversas formas, contribuíram para o levar a bom porto: Tânia Guerreiro, Miguel Bonneville, Neil Davidson, John Cavanagh, Pedro Silva, Laura Barbeiro, Sérgio Milhano, Susana Guardado e Catarina Varatojo.
Descobrir a autobiografia
Licenciada em Teatro, pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, Maria Gil iniciou o seu percurso a trabalhar como actriz, especialmente no Bando, tendo mais tarde encenado os seus próprios projectos. Fez um curso de Encenação para Teatro, do programa de Criatividade e Criação Artística da Gulbenkian, onde descobriu «a zona da autobiografia como material para criar textos para performance». E, mais tarde, frequentou o mestrado em Performances Autobiográficas, na Universidade de Glasgow, na Escócia.

Teatro do Silêncio
Maria Gil dirige ainda o Teatro do Silêncio, numa colaboração estreita com a artista visual Ana Rito. «É uma associação que se dedica a projectos trans-disciplinares – embora não goste muito desta expressão», explica. No fundo pretendem juntar várias formas de arte para comporem os mais diversos trabalhos. E já têm o próximo previsto. Participarão numa residência em Huesca, uma vila espanhola, onde se realiza o Festival Okuparte. O Teatro do Silêncio vai recolher os sonhos dos habitantes da vila.

Referências
Ainda era aluna do Liceu D.Pedro V, quando conheceu a professora que seria a primeira grande referência: Estrela Novais. Seguiram-se outros como Madalena Vitorino ou João Brites. Na criação, interessa-lhe particularmente o trabalho de Joana Craveiro, do Teatro do Vestido e ainda o de Bruno Bravo.

Maria Gil, 30 anos, actriz e encenadora. Apresenta Rádio Pirata: Arquivos Íntimos, na ZDB, até 24, sempre às 21 e 30

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