terça-feira, 21 de outubro de 2008

Siegfried, no São Carlos

Uma casa em forma de jaula. Uma estrutura metálica onde Mime, o anão ferreiro espera por Siegfried. Mime tem entre mãos a tarefa de forjar uma espada que consiga resistir à força de Siegfried, mas não é bem sucedido no intento e acaba por ser Siegfried, «aquele que desconhece o medo» quem volta a forjar Notung, a espada que Siegmund – pai de Siegfried – empunhou na luta fatal que travou contra Wotan. É munido de Notung que Siegfried combaterá com o gigante Fafner, transformado em dragão, recuperando assim O Anel do Nibelungo. Inicio da terceira parte da tetralogia de Richard Wagner, que esteve recentemente em cena no Teatro Nacional de São Carlos. Mais uma magistral encenação de Graham Vick, na qual a plateia do São Carlos se voltou a transformar em palco, e onde a música de Wagner soou, sem mácula, sob a direcção de Marko Letonja. Destaque para as vozes de Siegfried (Stefan Vinke), Mime (Colin Judson) e do Viajante/Wotan (Samuel Youn) que ao longo de mais de quatro horas transmitiram a expressividade necessária a cada palavra.
Na encenação, várias soluções surpreendentes: do lodo da gruta de Fafner, ao dragão em forma de transportadora, passando pelo Pássaro da Floresta, interpretado por Chelsey Schill, que munida de uma vara o faz voar por todas as cenas. Destaque sobretudo para o voo de vários pássaros que, de repente, surgem em bando dos camarotes para planarem sobre o palco. Um momento mágico que faz antever um Crepúsculo dos Deuses fascinante.

Foto de Alfredo Rocha

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