‘HOT’ de dentro para fora
A Praça da Alegria faz jus ao seu nome pela carga vibrante de swing, emanada da cave do nº 39 – o Hot Clube de Portugal. Há 60 anos, as suas noites incansáveis traçam a história que se estende de norte a sul do país. Bernardo Moreira, 77 anos, presidente do Hot Clube de Portugal (desde 1992), faz um «balanço positivo» destas décadas, embora considere lenta a divulgação e promoção do jazz: «Só há 7, 8 anos começaram a surgir núcleos bastante estruturados por todo o país. Talvez tenha demorado anos demais porque a sociedade portuguesa não estivesse bem preparada». De facto, nas décadas de 40, 50, o jazz era mal conotado pela maioria, embora não tivesse sido censurado pelo Antigo Regime – era simplesmente ignorado (à excepção da palavra ‘jazz’, substituída por ‘musica moderna’). Mas actualmente, como refere Bernardo Moreira, «o jazz é politicamente correcto». E reforça: «Há comentários nos jornais da época que lidos hoje dão uma vontade de rir descomunal!».
As comemorações destes 60 anos de actividade serão intensas. A Big Band do Hot Clube de Portugal com Maria João e Mário Laginha deu o arranque, a 19 de Março, no São Jorge. Este invulgar encontro de músicos repete-se a 6 de Abril, no encerramento da 6ª Festa do Jazz do São Luiz, em Lisboa. As recentes composições do pianista, para orquestra, constituem o repertório inédito, em Portugal. Há acontecimentos previstos para todo o ano. De 10 de Maio a 10 de Junho estarão expostos, na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa, vários artigos – alguns, sonoros – fotografias e outras peças ‘bizarras’ que documentam a história do jazz em Portugal. A exposição dará indícios do acervo da Casa do Jazz – um futuro centro de investigação, com um núcleo museológico (este projecto aguarda a resolução de um processo judicial para ganhar forma no prédio da Praça da Alegria). E porque, em tempos, jazz e dança formaram par, a 27 e 28 de Junho e a 4 e 5 de Julho, no São Luiz, em Lisboa, serão recriados os Ballrooms dos anos 40 – década que coincide com a fundação do HCP. Ainda, durante as Festas de Lisboa, alunos da Escola de Jazz Luís Villas-Boas vão actuar nos elevadores da cidade (com datas a confirmar). Reservam-se, para as quadras festivas outras surpresas. Entretanto, já é certo que este ano o jazz promete.
Da história, tudo se deve à paixão e à persistência de Luís «Hot» Villas-Boas (como lhe chamavam os amigos), falecido em 1999. A 25 de Novembro de 1945, lança o programa Hot Club, na Emissora Nacional, integrado no Programa da Manhã, de Artur Agostinho (que continua no Rádio Clube Português). A divulgação do jazz em Portugal começara. Luís Villas-Boas emprega-se na companhia aérea KLM, tendo assim facilitado o acesso a viagens para estabelecer contactos com músicos norte-americanos. Em Lisboa, começa a formar-se um núcleo duro em torno do jazz. Antes da fundação oficial do clube, muitas tertúlias jazzísticas se realizaram na casa particular de Luís Villas-Boas. Gerard Castello-Lopes, o então dono do cinema Condes, um dos frequentadores assíduos, foi um dos sócios fundadores. Em muito contribuiu para a divulgação do jazz com a projecção de filmes que tratavam o tema ou que tinham como banda sonora esse o musical. Os 48 sócios de uma lista inicial reuniram as forças que materializaram o sonho. A assinatura da primeira proposta de sócio, por Luís Villas-Boas, a 19 de Março de 1948, tornou-o oficial. Na pequena cave do ‘Hot’ deram-se dos mais míticos concertos e jam sessions, com Dexter Gordon, Count Basie ou Sarah Vaughan. Há muitas histórias para contar, e intermináveis… A título de curiosidade, o livro de João Moreira dos Santos, O Jazz Segundo Villas-Boas (Assírio &Alvim, 399 pp, 24euros), uma edição comemorativa do 60º aniversário do HCP, faz uma documentação pormenorizada da história do jazz em Portugal que, aliás, em quase tudo ainda é a história de Luís «Hot» Villas-Boas.
As comemorações destes 60 anos de actividade serão intensas. A Big Band do Hot Clube de Portugal com Maria João e Mário Laginha deu o arranque, a 19 de Março, no São Jorge. Este invulgar encontro de músicos repete-se a 6 de Abril, no encerramento da 6ª Festa do Jazz do São Luiz, em Lisboa. As recentes composições do pianista, para orquestra, constituem o repertório inédito, em Portugal. Há acontecimentos previstos para todo o ano. De 10 de Maio a 10 de Junho estarão expostos, na Fábrica de Braço de Prata, em Lisboa, vários artigos – alguns, sonoros – fotografias e outras peças ‘bizarras’ que documentam a história do jazz em Portugal. A exposição dará indícios do acervo da Casa do Jazz – um futuro centro de investigação, com um núcleo museológico (este projecto aguarda a resolução de um processo judicial para ganhar forma no prédio da Praça da Alegria). E porque, em tempos, jazz e dança formaram par, a 27 e 28 de Junho e a 4 e 5 de Julho, no São Luiz, em Lisboa, serão recriados os Ballrooms dos anos 40 – década que coincide com a fundação do HCP. Ainda, durante as Festas de Lisboa, alunos da Escola de Jazz Luís Villas-Boas vão actuar nos elevadores da cidade (com datas a confirmar). Reservam-se, para as quadras festivas outras surpresas. Entretanto, já é certo que este ano o jazz promete.
Da história, tudo se deve à paixão e à persistência de Luís «Hot» Villas-Boas (como lhe chamavam os amigos), falecido em 1999. A 25 de Novembro de 1945, lança o programa Hot Club, na Emissora Nacional, integrado no Programa da Manhã, de Artur Agostinho (que continua no Rádio Clube Português). A divulgação do jazz em Portugal começara. Luís Villas-Boas emprega-se na companhia aérea KLM, tendo assim facilitado o acesso a viagens para estabelecer contactos com músicos norte-americanos. Em Lisboa, começa a formar-se um núcleo duro em torno do jazz. Antes da fundação oficial do clube, muitas tertúlias jazzísticas se realizaram na casa particular de Luís Villas-Boas. Gerard Castello-Lopes, o então dono do cinema Condes, um dos frequentadores assíduos, foi um dos sócios fundadores. Em muito contribuiu para a divulgação do jazz com a projecção de filmes que tratavam o tema ou que tinham como banda sonora esse o musical. Os 48 sócios de uma lista inicial reuniram as forças que materializaram o sonho. A assinatura da primeira proposta de sócio, por Luís Villas-Boas, a 19 de Março de 1948, tornou-o oficial. Na pequena cave do ‘Hot’ deram-se dos mais míticos concertos e jam sessions, com Dexter Gordon, Count Basie ou Sarah Vaughan. Há muitas histórias para contar, e intermináveis… A título de curiosidade, o livro de João Moreira dos Santos, O Jazz Segundo Villas-Boas (Assírio &Alvim, 399 pp, 24euros), uma edição comemorativa do 60º aniversário do HCP, faz uma documentação pormenorizada da história do jazz em Portugal que, aliás, em quase tudo ainda é a história de Luís «Hot» Villas-Boas.
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