sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A torcer por Persépolis



Se um génio me concedesse um desejo para a noite dos Óscares, eu pediria um prémio para Persépolis, uma animação autobiográfica, da iraniana do francês Vincent Paronnaud e da iraniana Marjane Satrapi. Um excelente filme que parte das pranchas de BD da autora. É um excelente retrato da História do Irão, narrado na primeira pessoa, com um notável sentido irónico. É muito feliz a transposição de uma história dramática e séria para a animação: o realismo dos factos narrados é contraposto pela natural fantasia do suporte. É assim uma obra rara: uma longa-metragem de animação para adultos, com um amplo contexto político e autobiográfico.
Até poderia ser tentador e politicamente oportuno premiar uma obra que contesta o regime iraniano. Mas seria inédito uma animação para adultos ser premiada nos Óscares. E quase uma afronta optar por um filme europeu, contra as grandes produtoras com tradição em Hollywood, como a Dreamworks e a Walt Disney. Persépolis é o que mais merece, mas o Óscar deve ir mesmo para Ratatui, aquele simpático rato cozinheiro, que encabeça a lista dos mais procurados da ASAE.

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