O número 31 da colecção Livrinhos de Teatro, dos Artistas Unidos e da Cotovia, é dedicado ao escritor e dramaturgo Miguel Castro Caldas. O volume reúne as peças Comida, Casas e Repartição. Três textos muito diferentes entre si, devido à natureza das encomendas (um monólogo, no Maria Matos, um espectáculo para crianças, no CCB, e uma produção para adultos, na Culturgest, com estreia marcada para Março), que no entanto têm comum o trabalho sobre a linguagem, as suas sonoridades e ambiguidades.
Frequentemente as palavras assumem os seus múltiplos significados. Em Comida, é a boca que fica muda, quando se silencia, mas também que não muda, exactamente porque está calada, ou seja, só muda de posição quando fala.
Em Casas, é a vontade das pessoas de ter casa quando casam, ficando nas duas situações bem casadas. Ou o banco, que tanto serve para sentar, como para pagar o empréstimo. Ou aquela caríssima pessoa que fez uma compra caríssima.
Em Repartição, a componente musical das palavras, antes da sua divisão em sentidos, é levada ao limite, com os oito actores a individualizarem-se nas suas deixas, por um lado, e a formarem diversos coros, por outro.À semelhança das outras peças publicadas nos Livrinhos de Teatro, O homem do pé direito e O homem da picareta, ou dos romances Queres crescer e depois não cabes na banheira e As setes ilhas de Lisboa, estas peças de Miguel Castro Caldas são para ler em voz alta. Não só no teatro, obviamente, mas em qualquer oportunidade. É alimento para a alma, e um manjar dos deuses para os ouvidos.
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