segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Esta ano é para os irmãos Coen





Sem surpresas, os irmãos Coen foram os grandes vencedores da noite dos Óscares, que decorreu dia 25. Este País não é para Velhos (estreia amanhã, 28, em Portugal) recebeu quatro estatuetas: melhor filme, realizador, argumento e actor secundário (Javier Bardem). O grande derrotado foi Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson, com apenas duas: actor principal (Daniel Day-Lewis) e fotografia. Curiosamente, os dois filmes, favoritos à partida, têm em comum o redescobrimento ou a reinvenção do Western, com personagens obstinadas em cumprir os seus objectivos materiais. As distinções para Barden e Day-Lewis eram tão evidentes que seria quase escandaloso se as estatuetas fossem parar a outras mãos.
Juno, de Jason Reitman, era o grande outsider. Uma comédia de adolescentes de produção independente. No fundo desempenhou o papel que o ano passado esteve reservado a Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos. As quatro nomeações por si só já foram um prémio, e o Óscar para melhor argumento original, para a ex-stripper Diablo Cody, uma meia-surpresa. Nas actrizes havia grandes dúvidas. A francesa Marion Cotillard foi considerada a melhor principal, pelo seu desempenho em La Vie en Rose, numa biografia ficcionada da cantora Edith Piaf. E Tilda Swinton, talvez com alguma surpresa, foi considerada a melhor secundária, pela sua actuação em Michael Clayton.
Na animação aconteceu o que mais se esperava: Ratatouille, a história do rato cozinheiro, que deve estar na lista dos mais procurados pela ASAE, foi o escolhido. Além de Dia de Surf, ficou por premiar o extraordinário Persépolis, uma animação para adultos ,política e autobiográfica, da iraniana Marjane Satrapi, que se conseguiu intrometer no oligopólio Disney/Dreamworks.
De assinalar, o prémio para o melhor documentário entregue a Táxi to the Darkside, de Alex Gibney e Eva Orner. Uma denúncia das torturas americanas aos prisioneiros do Afeganistão, Iraque e da base de Guantanamo. O filme abriu o último DocLisboa.
Dos filmes estrangeiros, ainda nenhum se estreou em Portugal. Mas o Óscar para o austríaco Stefan Ruzowitzky, por The Counterfeiters, confirma a habitual sensibilidade da Academia para questões ligadas ao holocausto. Maior surpresa foi a da canção original. História de Encantar estava nomeado com três temas, mas os membros da Academia preferiram Falling Slowly, do filme Once, cantada por Glen Hansard e Marketa Irglova. Com os prémios muito divididos, o segundo filme a ter mais Óscares foi, estranhamente, The Bourne Ultimatum, de Paul Greengrass, com três distinções em categorias mais técnicas. Ainda sobrou um Óscar para a banda sonora de Expiação e outro para a direcção artística de Sweeney Todd.
Jon Stewart, conhecido apresentador do Daily Night Show, foi, pela segunda vez, o anfitrião. As eleições americanas estiveram no centro das atenções, revelando a habitual tendência liberal de Hollywood. Se bem que o apresentador recordasse: «Sempre que uma mulher ou um afro-americano é eleito presidente dos Estados Unidos, há um asteróide prestes a colidir com a Estátua da Liberdade».
«Qual o seu palpite?», era a pergunta e a maioria dos votantes do Blogue do JL acertaram em seis das dez categorias propostas. Não houve grandes surpresas nas categorias principais. O
Óscar para o argumento de Juno terá sido a maior. Os leitores esperavam que o prémio fosse para Ratatouille. As actrizes eram a grande incógnita. Marion Cotillard superou Julie Christie, e Tilda Swinton derrotou Cate Blachett. Quanto ao melhor filme estrangeiro, o voto foi totalmente no escuro, pois nenhuma das obras se estreou em Portugal. Calculo que o palpite no do Cazaquistão se deva ao nome engraçado do país, mas acabou por ganhar o da Áustria, país cujo nome não tem graça nenhuma.

Amanhã novo inquérito.

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