Parece que a voz nos faz cócegas. É tão rápida, tão perspicaz e tão… cumpridora. Ali não há fugas às notas. É tudo cantado, sem deixar nada de fora. Depois ri, faz um qualquer trejeito e conquista-nos. Mesmo que nem sempre a voz chegue ao volume esperado, ou antes, desejado. Sabemos que é capaz de lá chegar, mas contém-se, controla-se. Sabe que há muitos graves por ali e a todos quer chegar. E chega. Perfeita. No riso bem disposto, na forma ligeira com que nos faz acreditar que é fácil cantar assim. Há momentos em que canta como se estivesse só a falar. E conta piadas, segredos, às vezes gera arrepios. Cecilia Bartoli teve o Grande Auditório da Gulbenkian a seus pés. No concerto do último sábado, numa sala completamente esgotada, os espectadores estavam já do seu lado (as palmas foram efusivas mesmo antes dela cantar) e Cecilia não desiludiu. A Orquestra de Câmara de Basileia que a acompanhou esteve numa articulação perfeita, nunca se sobrepondo à voz. E quando tocaram sozinhos foram sempre harmonia. A homenagem a Maria Malibran, nos 200 anos do seu nascimento, não podia ter sido mais bem sucedida. E para quem não pode ouvir de viva voz há um CD disponível para ouvir, ouvir, ouvir…
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
«Para mim a Malibran é a maior cantora de ópera»
«Não existe uma outra Malibran, uma mulher moderna emancipada para a época (viajava, falava várias línguas) e que inspirou os grandes poetas, a moda, tudo»
«É uma viagem à música pré-romântica, à vida musical da Malibran, é uma verdadeira viagem de emoções»
Cecilia Bartoli, via Lusa
Foi um belo concerto! Também comentei no meu blog.
A partir de uma busca no Google sobre críticas / comentários ao concerto, vim cá ter... e voltarei!
Cumprimentos,
Moura Aveirense
Enviar um comentário