Philip Seymour Hoffman é um actor de personagens, um actor à antiga. Lembram-se de o ver a fazer de Trumam Capote, em 2005, com aquela voz afectada, os gestos contidos, a contradição no andar, perto dos acontecimentos que relatava a sangue frio, distante na forma como os recriava na escrita? Pois em Jogos de Poder, de Mike Nichols, Philip Seymour Hoffman, que recebeu um Óscar com a interpretação em Capote, consegue a proeza de ser irreconhecível para muita gente que o guardou, nessa altura, na galeria de nomes a não esquecer. É a voz, que agora é rouca e nasalada, é a postura completamente descontraída, abandalhada até, típica de um agente à paisana, com muitos anos de estrada e outros tantos de ignota vivência. É também a ironia que consegue emprestar a cada tirada simples e à dureza da sua personagem. É, ainda, a maneira como sabe nunca ser Philip Seymour Hoffman, e encarnar como poucos a espessura de cada papel que lhe oferecem. É, no fundo, a força primordial do cinema que se faz de boas histórias, bons actores, uma realização escorreita e a duração adequada. Ao lado de Tom Hanks e Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman introduz a destabilização necessária ao sucesso do filme, o que corresponde também ao sucesso da operação militar promovida no Afeganistão pelo senador Charlie Wilson, com a ajuda da conservadora Joanne Herring, para pôr fim ao domínio soviético na Eurásia e, por arrastamento, à Guerra Fria. A receber o segundo Óscar, será a vitória de um actor camaleão.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Actor camaleão
Philip Seymour Hoffman é um actor de personagens, um actor à antiga. Lembram-se de o ver a fazer de Trumam Capote, em 2005, com aquela voz afectada, os gestos contidos, a contradição no andar, perto dos acontecimentos que relatava a sangue frio, distante na forma como os recriava na escrita? Pois em Jogos de Poder, de Mike Nichols, Philip Seymour Hoffman, que recebeu um Óscar com a interpretação em Capote, consegue a proeza de ser irreconhecível para muita gente que o guardou, nessa altura, na galeria de nomes a não esquecer. É a voz, que agora é rouca e nasalada, é a postura completamente descontraída, abandalhada até, típica de um agente à paisana, com muitos anos de estrada e outros tantos de ignota vivência. É também a ironia que consegue emprestar a cada tirada simples e à dureza da sua personagem. É, ainda, a maneira como sabe nunca ser Philip Seymour Hoffman, e encarnar como poucos a espessura de cada papel que lhe oferecem. É, no fundo, a força primordial do cinema que se faz de boas histórias, bons actores, uma realização escorreita e a duração adequada. Ao lado de Tom Hanks e Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman introduz a destabilização necessária ao sucesso do filme, o que corresponde também ao sucesso da operação militar promovida no Afeganistão pelo senador Charlie Wilson, com a ajuda da conservadora Joanne Herring, para pôr fim ao domínio soviético na Eurásia e, por arrastamento, à Guerra Fria. A receber o segundo Óscar, será a vitória de um actor camaleão.
Publicada por Luís Ricardo Duarte à(s) 15:18
Etiquetas: Cinema, Óscares 2007
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