Uma enorme distância os separa, como é fácil de compreender atendendo à época, à idade e ao contexto cultural, mas uma ligação subterrânea une estes dois livros acabados de publicar: a reedição de uma das novelas de Lev Tolstói, A morte de Ivan Ilitch (Relógio D’Água, 110 pp, 12 euros), e o novo romance de Gonçalo M. Tavares, Aprender a rezar na Era da Técnica (Caminho, 383 pp, 19,29 euros).
Ambos retratam de uma forma muito expressiva a irrupção da Natureza no Homem, que se traduz no domínio da doença sobre a saúde, da morte sobre a vida.
Nessas situações limite, os protagonistas revelam a vacuidade dos seus propósitos, a ligeireza dos seus gestos, a leviandade das suas ambições. Um tempo e uma vida irremediavelmente perdidos. Desperdiçados.
Acontece, também, que em ambos os casos, tanto em Lev Tolstói, como em Gonçalo M. Tavares, que é como quem diz tanto em Ivan Ilitch, como em Lenz Buchmann, se vive uma duplicidade. São seres da ordem por fora, criaturas caóticas por dentro. No exterior, dominam e manipulam os acontecimentos políticos e jurídicos. No interior, arrastam-se em infindáveis tensões, sejam elas familiares, sexuais ou dementes.
Para representar essa dualidade, os autores seguem caminhos distintos. Lev Tolstói, no auge da sua carreira, depois do sucesso de Guerra e Paz e Anna Karénina, assume claramente uma postura moralista, para formação do grande povo. O estilo é directo, ainda que extremamente trabalhado. Em Gonçalo M. Tavares impera o espírito analítico, num retrato brutal da sua personagem.
Tal como as circunstâncias, também os escritores são implacáveis com os seus protagonistas. Em Tolstói através do belo aristotélico, em M. Tavares através da força futurista.
Ambos retratam de uma forma muito expressiva a irrupção da Natureza no Homem, que se traduz no domínio da doença sobre a saúde, da morte sobre a vida.
Nessas situações limite, os protagonistas revelam a vacuidade dos seus propósitos, a ligeireza dos seus gestos, a leviandade das suas ambições. Um tempo e uma vida irremediavelmente perdidos. Desperdiçados.
Acontece, também, que em ambos os casos, tanto em Lev Tolstói, como em Gonçalo M. Tavares, que é como quem diz tanto em Ivan Ilitch, como em Lenz Buchmann, se vive uma duplicidade. São seres da ordem por fora, criaturas caóticas por dentro. No exterior, dominam e manipulam os acontecimentos políticos e jurídicos. No interior, arrastam-se em infindáveis tensões, sejam elas familiares, sexuais ou dementes.
Para representar essa dualidade, os autores seguem caminhos distintos. Lev Tolstói, no auge da sua carreira, depois do sucesso de Guerra e Paz e Anna Karénina, assume claramente uma postura moralista, para formação do grande povo. O estilo é directo, ainda que extremamente trabalhado. Em Gonçalo M. Tavares impera o espírito analítico, num retrato brutal da sua personagem.
Tal como as circunstâncias, também os escritores são implacáveis com os seus protagonistas. Em Tolstói através do belo aristotélico, em M. Tavares através da força futurista.
1 comentários:
Sobre o «livro negro» de Gonçalo M. Tavares diria que analisa a questão da técnica do ponto de vista da sua indeterminação antropológica e da sua violência contra a natureza e contra as figuras históricas de que dependiam a ética e a moral. Mas há ambiguidade nessa tese de que darei conta em post a publicar no meu blogue que vos convido a visitar.
Entretanto, linkei-vos nos meus «andamentos». Vamos nos encontrando por aqui.
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