segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Bué bué armado em engraçadinho


«Era uma vez, num reino muito muito distante…», assim começam muitas histórias de encantar. E o que a trilogia Shrek faz ( o Shrek 3 saiu agora em DVD) é desconstruir e brincar com esse universo. Assim, os argumentistas da Dreamworks resolveram substantivar aquilo que era um adjectivo do reino, Far-far Away passou a ser o seu nome. Na tradução portuguesa, quiseram ser mais engraçados que os autores, e, em vez de muito muito distante, usaram bué bué longe, perdendo toda a subtileza e intencionalidade.
Não sou nenhum defensor da pureza da linguagem. E sei que as línguas são de quem as fala e não de um concílio de linguistas e gramáticos. Não está em causa o uso da palavra ‘bué’, que, sem qualquer dúvida, faz parte da língua portuguesa, e ainda bem que está nos dicionários. Mas sim uma má tradução que estraga uma piada. É tão errado como traduzir «Once Upon a Time», por «aconteceu uma vez» ou «é assim…».
É um pormenor de importância relativa. Mas representa as pequenas contradições de um país tendencialmente formal, onde os desconhecidos se tratam por você, e os licenciados por sr. Dr, Arq.º ou Eng.º. E em que todos se riem e comentam quando o primeiro-ministro diz, sem perceber que tem o microfone ligado, «porreiro pá!».
E depois há a nova rede dos CTT. Chama-se Phone Ix. E se não queremos parecer conservadores e antiquados teremos que admitir que é um nome bueda fixe.



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