terça-feira, 6 de outubro de 2009

Alô, Belém, escuto

Se os presidentes tivessem cognomes como os reis, as venturas da nossa república seriam ainda mais ilustráveis. Eanes, o sisudo, claro está, é sabido que o general é mais duro de roer do que os guardas da rainha de Inglaterra. Soares, com certeza, o viajado, até se dizia, por graça, que Deus está em todo o lado enquanto o Mário Soares já esteve. Sampaio, o Chorão, porque foi o chefe-de-estado que, tal como a fadista Mariza, nunca se escusou a verter uma lágrima sempre que a situação o exigia. Quanto ao nosso actual Presidente, o cognome está encontrado: Aníbal, o calado, o Presidente Tabu, que não fala ou que quando fala ninguém entende, ou pensa que mais valia estar calado. Se houvesse escutas em Belém o mais provável é que tivessem resultado numa fita em branco.

Outrora as escutas eram feitas com um copo encostado a uma parede, hoje existem para isso sofisticados gravadores. Outrora a correspondência era violada, hoje os e-mails são vulneráveis. Mas Aníbal Cavaco Silva fez, entre outras, uma baralhação electrónica, que deixou o país em estado de choque tecnológico. Começou a falar de escutas e acabou a falar em e-mails, não sabendo, porventura, que os e-mails não se ouvem, a não ser que tragam atrelados um ficheiro de MP3 ou um vídeo do Youtube.

Houve ali uma elipse extraordinária, que passou inclusive pelas suas férias no Algarve, na vivenda Mariani e uma visita a Querença. Os mais velhos dizem que o discurso lembrou os de Américo Tomás. Só que no tempo deste não havia e-mails. Cavaco questionou a segurança da sua caixa de correio electrónica. E, não se sabe bem porquê, naquele dia, nem antes nem depois, talvez por lhe dar jeito ao discurso, consultou alguns técnicos, que é como quem diz, chamou o Help Desk.

Todas as caixas de correio electrónico são vulneráveis, como é que a de Cavaco não havia de ser? Se os hackers entram inclusive nas páginas da FBI e da Casa Branca, não haviam de ser os serviços informáticos de Belém que lhes iriam cerrar as portas. Pois está claro que os responsáveis lhe comunicaram que tem vulnerabilidades. Então, o Presidente, solicitou um estudo para reduzir essa mesma vulnerabilidade. Sem pensar muito, o técnico eventualmente terá dito: talvez não fosse má ideia se o Presidente usasse outra password que não Boliqueime. Poderá ser Mariani? Não, porque tem poucos caracteres. Que tal algo totalmente insuspeito como…. José Sócrates?

0 comentários: