terça-feira, 30 de junho de 2009

Morreu Pina Bausch



Simples, convencional, óbvia - nenhuma destas palavras se aplica à coreógrafa Pina Bausch. Sempre de cigarro na mão, este ícone da dança era descrito pelos seus próprios bailarinos como "obssessiva". Ela dizia que nunca desistia.

Começou como bailarina na Alemanha, seu país natal, com 15 anos. Mais tarde, partiu para Nova Iorque, onde estudou dança na prestigiada Juilliard School. Provavelmente, aprendeu todas as regras com perfeição para as quebrar repetidamente. Nos anos 70, as suas coreografias romperam com tudo o que se fazia na altura, reinterpretando (reinventando?) o conceito de dança-teatro. Com 33 anos, foi convidada para dirigir o Wuppertaler Tanztheater, que se transformou no Tanztheater Wuppertaler Pina Bausch. Dançar nesta companhia era fazer parte da coreografia, criar em conjunto com uma coreógrafa que tinha nos próprios bailarinos a sua inspiração. Foi com esses bailarinos-musos que se apresentou várias vezes em Portugal, a última das quais o ano passado.

Segundo o site da companhia, Pina Bausch descobriu que tinha cancro há cinco dias. Morreu hoje de manhã no hospital inesperadamente, com 68 anos. Por cima deste texto, deixamos uma amostra de Café Müller, a única coreografia sua que interpretou.

Um crítico de dança alemão descreveu a sua filosofia de dança como "a interpretação da alma e a batalha dos sexos". A interpretação da alma e nada menos que isso. Foi esta filosofia, as histórias e ambientes que inventou inspirados num universo surrealista, ao som de música inesperada (até Caetano Veloso) e, principalmente, os movimentos complexos, homicidas do óbvio, arriscados até roçar a estranheza que fizeram dela uma revolucionária da dança contemporânea.

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