quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Enapá 1000!


Se as edições do JL fossem acompanhadas com a mesma seriedade, empenho e profissionalismo que os jogos de futebol, talvez dispuséssemos daqueles dados estatísticos, facultados por empresas especializadas. Aquelas que sabem ao certo quantos toques de calcanhar deu determinado jogador ao longo da época, e quantas assistências fez o jogador que fez a assistência para golo. São maravilhas tecnológicas que envolvem uma atenção ímpar e recursos humanos qualificados.
Por aqui não temos nada disso. Por amor de Deus, isto é cultura, coisa sem importância. Quase ninguém vai à bola connosco. Enfim, ainda são alguns milhares. Ao longo dos anos contam-se milhões. Poucos mas bons. Uma imensa minoria, como dizia o outro. Obrigado.
Voltemos à estatística. Os dados não são rigorosos, mas eu estive aqui de lápis atrás da orelha e calculadora em punho e fiz umas contas. Estes mil números devem conter aproximadamente 396 123 322 caracteres. Quem não acreditar que os conte um por um. Tudo somado, ou dividido, dá uma data de páginas.
Os recordistas são o José Carlos de Vasconcelos e o José Manuel Rodrigues da Silva, cada um com cerca de 10 milhões de caracteres. Quantos livros dariam… O que é surpreendente é que o camarada Rodrigues da Silva, recentemente falecido, conseguiu alcançar esse número em apenas 15 anos. Escrevia desenfreadamente. E lembro-me de edições, sobretudo nas férias, em que ele praticamente fazia o JL do princípio ao fim.
De seguida neste estranho top, virão a Maria Leonor Nunes e a Maria João Martins (sete milhões de caracteres cada), juntamente com colaboradores quase lendários, dos quais destaco o Jorge Listopad. O nosso gráfico, Miguel Eduardo Serrano, paginou cerca de 30 mil páginas. E o João Ribeiro, o nosso fotógrafo decano, terá tirado para cima de 10 mil fotografias. Quanto a mim, calculo, cinco milhões de letras. Os jornais são de quem os dirige, de quem os pensa, de quem os escreve, de quem os ilustra, de quem os pagina e, acima de tudo, de quem os lê.
Ao longo dos anos, confundimo-nos com o boné que usamos. Mais ainda quando a ficha técnica e sobretudo a redacção nos faz sentir o orgulho e a responsabilidade da investida. Aos poucos também me tornei JL. Passo a explicar: durante estes dez anos fui repetindo o meu nome com esse sufixo: «Fala o Manuel Halpern do JL». Como quem diz da Silva, da Costa, dos Santos. E, às tantas, já não sei bem onde termina o meu nome.





4 comentários:

Francisco Azevedo Brandão disse...

Sou um dos leitores que leu 396.123.322 caracteres, Sou leitor do «Jornal de Letras, Artes e Ideias» desde o seu primeiro número. Se não perdi nenhum devo ter a colecção completa que guardo religiosamente. Como sou professor de português e autor de história local, seivo-me muitas vezes do Jornal de Letras para ilustrar as minhas aulas, sobretudo nas turmas do 10-º, 11-º e 12.º anos e manter os meus alunos a par do que em Portugal se publica.
Parabéns ao Jornal e sobretudo ao seu director, Jo+e Carlos Vasconcelos que é sem dúvida a «alma-mater» deste grande projecto cultural que o hora e honra o País. Cumprimentos
Francisco Azevedo Brandão

VCP disse...

Saúdo o regresso ( em forma ) do excelente Jorge Listopad.
Parabéns.

Sandrine disse...

Não saber onde o nome acaba por amor ao ofício e onde se trabalha é um motivo de orgulho, é um erro apetecível, é uma forma bonita de se estar. Se não pelo todo então só pot isso os meus mais sinceros parabéns!!

Pedro Nunes disse...

Sou um dos que vou à vossa bola!!!
Parabéns pela vossa determinação e por se importarem com as imensas minorias.
Um abraço,
Pedro Nunes