quinta-feira, 19 de junho de 2008

Eusèbiar a ratazana ou arronaldar os alemães

Dos Ratos e das Rãs: 'Dos Ratos'

de Alexandre O'Neill

«Uma vez, eu disse, em conversa com o meu amigo Danilo, a palavra RATO. Danilo, que estava a desmontar, aplicadamente, uma cabeçça de pescada, largou o garfo e a faca e, quase tropeçando no guardanapo, que sempre usava atado ao pescoço, pulou para cima do banco que tinha ao lado e, nesse inesperado pedestal, ficou a tremer como uma donzela à aproximação intepestiva dum brutamontes.
Vou explicar o medo pânico de Danilo.
Um dia - dia D, dia Danilo - o meu bem intencionado amigo foi ao sótão buscar uma mala velha. Acho que ia viajar, e era seu costume, quando viajava, deixar em casa a mala nova para não a esfolar. No esconso do sótão, uma ratazana roía a mala atrás da nala. Danilo, que não percebia nada do comportamento dos ratos, correu para ela até a encurrular num canto. A ratazana virou-se e mostrou o dente. Prometedor! Aí, Danilo, o pobre, levantou a perna para eusèbiar a bicha. E, então, oh horror!, a ratazana dá um salto, enfia-se pela campanuda calça de Danilo, corre-lhe pela perna acima e ver mordê-lo na coxa!
Danilo andou, ferida fechada, ferida aberta, com uma infecção que lhe durou alguns três meses.
Eu nunca mais larguei um RATO nas amenas conversas com que continuei por mais alhuns anos a entretecer om Danilo.»

(In Anos 70, Poemas Dispersos, ed. Assírio & Alvim)

1 comentários:

JBMartins disse...

um conto de terror?
um conto humoristico, para fazer rir?
como se tropeça no guardanapo?
o rato seria o ratatouille ou um amigo?
esse livro não compro nem leio...