terça-feira, 27 de maio de 2008

É fazer as contas 4

Hoje, na Feira do Livro de Lisboa, com 30 euros, apostava em dois autores de língua alemã, com pena de não poder levar O Homem sem Qualidades. O orçamento não dá para tudo e 41,60 euros têm de ser pensados a longo prazo, talvez juntando um pouco todos os dias. Aproveitava, então, outros preços em conta e outros autores de igual maestria e qualidade. A começar pela História Natural da Destruição, o meu livro preferido de W. G. Sebald. A 9 euros, hoje, na Teorema, que publicou toda a sua prosa. No mesmo cenário apocalíptico, juntava ao cabaz Os Últimos Dias da Humanidade, a monumental peça de teatro que Karl Kraus escreveu durante a Primeira Guerra Mundial. E não é impunemente que se diz que nunca ninguém levou tão longe a representação do mal absoluto. Nas palavras do autor, este é um texto para ser interpretado «em dez serões seguidos, num qualquer teatro de Marte». O que talvez explique a pouca sorte que o livro tem tido, passageiro clandestino de muita programação cultural. A edição é da Antígona, que me levava 10 euros. Com pouca margem de manobra, decidia-me ainda por duas boas compras. Fabulário, de Mário de Carvalho, na Caminho, uma colectânea de textos curtos sobre países, bestas, sombras, exemplos e deambulações (só 5,67 euros). E o primeiro volume da colecção Biblioteca Histórica de Portugal, da QuidNovi, sobre as Guerras no Tempo da Reconquista, por Maria Cristina Pimenta. Quase dado: 4 euros. Troco? «Óh amigo, não queres levar a última Cais?» Quanto é? «Dois euros, amigo». Mas só tenho 1,33 euros. «Não há problema, amigo, amanhã dás-me o resto. Eu tenho-te visto por aí...»

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