quarta-feira, 8 de abril de 2009

As passadeiras de Jaime Vasconcelos

É muito curiosa a relação de Jaime Vasconcelos com a pintura. Acompanhando algumas tendências da arte contemporânea, o seu ponto de partida é quase sempre a fotografia, que depois, através de processos digitais, é metamorfoseada em jogos cromáticas que encerram um profundo mistério. E também inesperadas texturas. É um trabalho aturado nos programas informáticos da especialidade, na sobreposição de cores e num hábil jogo de formas. Isso era particularmente visível na série Viagens, feita de paisagens, e também sobressai agora em De Passagem, patente na Galeria das Salgadeiras, até 16 de Maio. São imagens de passadeiras com que nos cruzados diariamente na rua. «Aquelas riscas brancas, entretanto gastas pelo tempo e pelo uso, revelam inúmeras histórias, personagens e situações», escreve Ana Saramago Matos, na apresentação da mostra. «Nesta exposição encontramos fragmentos de passadeiras transformados pelo re-enquadramento da fotografia original e pela introdução da cor.» A essência pictórica fica desde logo assegurada pela sua íntima familiaridade com as telas de grandes dimensões de Mark Rothko. Como se a pintura fosse independente do suporte a partir do qual emerge.

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