quarta-feira, 4 de março de 2009

A Inexistência de Eva

Eva conhecia o medo inicial, não da solidão, não do pecado, mas de alguma inexistência. Trazia consigo a sensação da inexistência do mundo. Não sabia de onde chegara, e talvez por isso lhe parecesse errado partir.

aaaOuviu: - Se partires, não regressarás
aaaa lugar algum. Nunca se regressa
aaapartindo.

***

Talvez Eva não soubesse falar, ainda ou já. Mas pensava, como todos os homens, durante as horas em que não dormia. Como desconhecia as palavras exactas através das quais se pensa, e desconhecia as imagens do mundo por fora da sala, era essencialmente naquela brancura que pensava.

aaaOuviu: - Não precisarás de saber dizer
aaaas palavras. Para lá deste lugar, ninguém diz
aaaas palavras - que se pensam.



Do novo livro de Filipa Leal, A Inexistência de Eva, publicado pela Deriva.

1 comentários:

elescaramujo disse...

cómo se hace para conseguir ese libro? soy de Buenos Aires, Argentina. mi correo electrónico es elescaramujo@hotmail.com
gracias!
Myriam