
Em Medeia, de Luigi Cherubini, houve um aviso inicial. O maestro Lawrence Foster dirigiu-se à plateia para avisar que existiam pequenas alterações de forma no texto, daí que o programa de sala não correspondesse na íntegra ao que se estava a cantar no palco. «Para que não pensem que nos estamos a enganar», disse. Pausa. Risos na sala. «Embora seja possível!». Mais risos ainda. Soam as primeiras notas de um prelúdio lindíssimo e magistralmente tocado pela Orquestra Gulbenkian. Medeia, o soprano Iano Tamar, esteve bem, embora nalguns momentos lhe faltasse a força da personagem. A força de Medeia soou inteira na voz e dicção perfeitas da actriz Manuela de Freitas que, de negro vestida, leu excertos de Medeia, de Séneca. O tenor Alan Woodrow, na sua interpretação de Jasão, não foi feliz, tendo sido abafado pela presença e timbre do barítono Jochen Schmeckenbecher, como Creonte. Ambas as óperas contaram com as prestações incisivas da Orquestra e do Coro Gulbenkian, dirigidos pelo extraordinário Lawrence Foster. Quer em Norma, quer em Medeia, o palco foi aberto para o jardim. Na grande janela podia ver-se a chuva a cair constantemente sobre o verde. Cenário perfeito para ajudar a
ca(o)ntar a história destas heroínas trágicas.
Medeia. Ilustração de André Carrilho
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