quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

1000!





O DURO CAMINHO DE UM JORNAL Foi um longo, duro e difícil caminho para chegar até aqui - ao n.º 1000 do JL, jornal de letras, artes e ideias. Que exigiu imenso trabalho, muita devoção, bastante sacrifícios - e, já agora, para ser inteiramente sincero, creio que também algum saber do «ofício» e porventura talento… Além ainda de certas características, como o desprendimento - por e para fazer um jornal com escassos recursos e raras recompensas, que tão pouco proporciona a visibilidade e o 'êxito' de outros media. Ou seja: é uma tarefa quase sempre humilde, discreta, quase obscura, e amiúde mal compreendida, injustiçada num meio dado a injustiças, nada comparável a outras mais rentáveis e propícias ao sucesso, ou ao que hoje em geral assim se considera.
E porquê? Primeiro porque sabemos - é um facto, não um juízo de valor - ser este um jornal a vários títulos único em Portugal e na nossa cultura, bem como em todo o mundo da língua portuguesa (e, em vários aspectos, talvez não só. Mais único ainda pela periodicidade, regularidade e persistência no tempo, sem qualquer interrupção: com períodos melhores e piores, mas sempre igual a si próprio, ao longo de mil edições. Segundo porque, bem ou mal, entendemos que o JL teve, tem e deverá continuar a ter um papel significativo na cultura portuguesa, na defesa e promoção da nossa Língua, no intento de aproximar os países e povos que a falam - mesmo como instrumento, independente, da sua Comunidade e do que, à falta de melhor designação, se chama a Lusofonia.

TESTEMUNHOS SOBRE UM PROJECTO Contribuem para a firmeza desta convicção, e para nos dar o ânimo necessário ao prosseguimento do esforço, os múltiplos e diversificados testemunhos que nesse sentido ao longo do tempo nos têm chegado. Testemunhos também de figuras cimeiras dos países lusófonos, aos quais nesta edição outros se acrescentam. Ao publicá-los, e ao recordar fragmentos de testemunhos anteriores, fazemo-lo, embora nos satisfaçam e honrem muito, não por qualquer coisa que se assemelhe a 'ostentação', vaidade ou narcisismo, mas por uma razão muito simples: tendo o JL estado já ameaçado de acabar, e de forma latente se mantendo esse perigo num momento de crise como o actual, impõe-se sublinhar, através de vozes altamente representativas e insuspeitas, o que o nosso jornal significa - e, em consequência, como seria inadmissível a sua perda.
É tal consciência que nos leva, por um lado, a nunca ter desistido, agradecendo a todos os que contribuíram e contribuem, em alguns casos decisivamente, para tornar viável e manter este projecto, e, por outro lado a chamar a atenção para os que não o fazem tendo obrigação de o fazer, até para prosseguir os fins e interesses das instituições ou empresas que dirigem.

ESPAÇO PARA OS CRIADORES Sabemos ainda ser este um espaço privilegiado para os criadores, em particular os de língua portuguesa. Desde a «apresentação» que assinei no n.º 1 destacamos o objectivo de os valorizar, de lhes dar voz e lugar, de serem eles e suas obras os verdadeiros sujeitos, e não 'objectos', das colunas deste jornal. Escritores, artistas, mulheres e homens de pensamento, e de acção na defesa dos valores humanistas, sabem que esta é uma sua «casa comum». E foi como um «projecto jornalístico, cultural e cívico» que sempre vi e defendi o JL. Continuando a pensar que é exactamente isso e a lutar para que o continue a ser...
Privilegiar a qualidade, sem elitismo(s), tentando compatibilizá-la com a acessibilidade e a divulgação, foi e é outro nosso propósito constante, embora nem sempre atingido. Mas muitos, incluindo prestigiosos universitários, reconhecem que a sua colaboração no JL e a nossa insistência, por vezes acompanhada de sugestões, contribuiu para que já não escrevam para um público mais alargado como se estivessem a fazê-lo para um congresso científico.

A NOSSA HISTÓRIA: ALGUNS DESTAQUES Não vem para aqui sequer uma muito breve síntese da história do jornal, e muito menos eu próprio, que o fundei e dirijo desde o n.º 1, falar de alguns dos aspectos e factos mais relevantes ou curiosos do seu percurso. Também fica de fora desta edição, por falta de espaço, a reprodução de umas dezenas de capas ilustrativas da sua evolução e da atenção dada aos vários domínios de que se ocupa (aliás, o que verdadeiramente se impunha ou se impõe, até para consulta dos estudiosos, era ou é a publicação de um volume com todas as capas, só viável com apoio institucional ou mecenático). Creio no entanto interessante ou de justiça salientar algumas coisas, através de rápidos tópicos.

Porquê? O arranque No princípio dos anos 80 tinham acabado os suplementos literários dos jornais e era mínima a presença da cultura nos media. Além disso, não era valorizada nem a língua portuguesa e sua presença no mundo, nem a ligação entre os países do idioma comum. Sobretudo por isso tive a ideia de criar um jornal que correspondesse ao projecto de que atrás falei, um jornal de letras (logo me ocorreu o JL), artes e pensamento.
Essa criação só era e foi possível no âmbito da Projornal, a sociedade de jornalistas que fizera O Jornal - de que eu próprio era director, bem como director editorial do grupo - e já lançara outros títulos e iniciativas, com êxito. No entanto, em geral os meus camaradas não escondiam o cepticismo quanto à viabilidade do 'empreendimento', incluindo o Fernando Assis Pacheco, que eu gostaria o dirigisse. Mas só aceitou ser chefe de redacção, e na convicção de que o quinzenário que eu idealizara, sem nenhum 'modelo' nem similar conhecido, «não duraria mais de seis meses».
Como orientador artístico e ilustrador, não podia pensar se não no «maior» -- e além disso meu amigo e excelente colaborador desde o DN pós-25 de Abril, o João Abel Manta, que impôs a imagem do JL (o grafismo estava sobretudo a cargo do João Segurado) e fez das suas dez primeiras edições 'obras' raras.... Para o «conselho editorial« chamei ainda os também meus amigos próximos e colaboradores n'O Jornal, Augusto Abelaira e Eduardo Prado Coelho - sendo este, EPC, que sugeriu a designação de «ideias» e teve especial importância na constituição da equipa de críticos das diversas áreas.

Perspectivas e primeiras mudanças - Pensava que o Jornal de Letras, quinzenal, viria a situar as vendas num patamar de cerca de oito mil exemplares. O n.º 1, saído a 3/3/1981, com uma tiragem de 30 mil, esgotou-se rapidamente; uma reimpressão, de mais 10 mil, também se esgotou. Depois, manteve-se anos na casa dos 20 mil. Assim, face a um êxito que ultrapassou tudo que se poderia imaginar, a 22/11/1983 passou a semanal. E como semanário se manteve quase 11 anos, até 13/4/1994, voltando então a ser quinzenário, até hoje - mas com um aumento substancial do n.º de páginas, a cores e com grafismo renovado.
Com a passagem a semanal, Assis voltou a ficar apenas em O Jornal, passando a ser chefe de redacção do JL o António Mega Ferreira, que também ali trabalhava. O Mega, como o Assis, embora com outras características, um excelente profissional, deu também um precioso contributo a este periódico, na época em que nele estive menos presente, embora continuando a dirigi-lo, dado o empenhamento num projecto cívico que me levou designadamente a ser deputado. Entretanto, em 1986, o EPC foi substituído naquele consultivo «conselho editorial» pelo já também colaborador Jorge Listopad

Redacção e seus colaboradores - Quando o Mega foi dirigir editorialmente o Círculo de Leitores, em finais de 1985, substituiu-o como chefe de redacção, com o cargo também de director-adjunto, o Luís de Almeida Martins (LAM), que era um dos societários de O Jornal e vinha de dirigir o Se7e, o semanário de espectáculos que criáramos em 1978, com grande sucesso. O LAM, assegurou essas funções até 1992 , com a competência e o empenho que se lhe conhece, e hoje continua na Visão
A partir de 1992, passamos a ter apenas um editor e, desde a criação do JL/Educação nos actuais moldes, uma coordenadora desse suplemento. Os editores foram o José Jorge Letria e o José Manuel Rodrigues da Silva, falecido há menos de três semanas, e que aqui longa e emocionadamente evocamos na última edição, para a qual remeto os leitores.
Entre as dezenas de redactores, colaboradores permanentes da redacção e sobretudo estagiários que por aqui passaram, e boa parte dos quais aqui mais ou menos começaram, recordo, por exemplo, ao correr da memória: Clara Ferreira Alves (a primeira, que veio falar comigo, muito jovem estagiária do Correio da Manhã, e de imediato trouxe para o jornal), Francisco José Viegas, Pedro Borges, Tereza Coelho (agora tão prematuramente desaparecida, e que foi um dos tais inúmeros jornalistas e/ou escritores a começar aqui), Carlos Oliveira Santos, Inês Pedrosa, Maria João Guardão, António Cabrita, Manuel João Gomes, Isabel Fragoso, Clara Pinto Correia, Carlos Câmara Leme, Manuel Cadafaz de Matos, Doris Graça Dias, Carlos Vaz Marques, Margarida Ferra, Nair Alexandra, Sara Belo Luís, Suzana Neves, Margarida Botelho, Ricardo Araújo Pereira, Susana Martins, José Pedro Rodrigues, Elena Fernandes, José Manuel Marmeleira, Joana Seara, Patrícia Carvalho, Júlio Carmo Gomes, Rui Freire, etc. Mais, a certa altura, vieram para o JL, digamos que para nos conhecer por dentro e 'praticar', alguns jornalistas/ escritores africanos, como Luís Carlos Patraquim e Nelson Saúte. E toda esta acção, que muitos reconhecem ter contribuído para a sua formação, enriquece o nosso 'património'.
Por outro lado, entre os jornalistas, de outros órgãos de comunicação social, em especial de O Jornal, que mais colaboraram connosco, sobretudo nos primeiros números, lembro Manuel António Pina, Fernando Dacosta, Miguel Serras Pereira, Pedro Vieira, Rogério Rodrigues, Francisco Vale, Fernando António Almeida, Adelino Cardoso, Francisco Bélard, Regina Louro, etc.
Hoje, temos a equipa que consta da nossa ficha e os leitores bem conhecem das nossas páginas, não sendo próprio estar aqui a falar de cada um. Trata-se, como sempre, de meia dúzia de jornalistas, um grupo muito pequeno mas muito unido, com verdadeiro «amor á camisola»: pessoas de diferentes formações e gerações, predominando os mais novos, de talentos vários ao serviço de um esforço comum e solidário. Um raro ambiente de trabalho e entreajuda, em que se tenta assegurar a competência e fomentar a criatividade individual, sem 'competição', num sadio espírito de equipa que sempre entendi absolutamente essencial numa redacção livre e participativa como deve ser. Tudo sem prejuízo de uma direcção clara mas que procura ser sempre propiciadora daquele ambiente e estimuladora, dinamizadora, da liberdade criativa.

Outros colaboradores - Um jornal como o nosso assenta também muito, às vezes principalmente, em colaboradores: críticos, colunistas, cronistas, articulistas, ensaístas. E a assinalável qualidade dos nossos tem constituído quase invariavelmente uma das chaves do reconhecimento do JL. Não vamos falar dos actuais (alguns, aliás, de longa data, de par com outros bem recentes), e é impossível passar em revista mesmo só os mais destacados deles ao longo destas mil edições.
O que podemos garantir é que a maioria das figuras de topo da literatura e da cultura portuguesa colaboraram no nosso jornal. E todas, sem excepção, bem como as mais destacadas dos outros países de língua comum, estão presentes, designadamente em textos sobre as suas obras, nas talvez mais de 40 mil páginas que demos a lume e constituem um acervo raro para o estudo do nosso país e da nossa cultura, pelo menos nas três últimas décadas.
E podemos também, nesta edição em que assinalando o 1000 'partimos' sobretudo dos primeiros números, reparar no invulgar nível de toda a colaboração e na alta gama de críticos. Adiante, nestas páginas, isso se recorda e atesta, além de Carlos Reis escrever especificamente sobre o n.º 1. Quero sublinhar, no entanto, que a 'amostra' é mesmo assim muito incompleta. Basta realçar que, além dos que mais à frente aparecem, sobre música escrevia (e continuou a escrever, até à morte) João de Freitas Branco, decerto o nosso mais notável musicólogo, divulgador, do último século; que assinavam as críticas de cinema João Mário Grilo (que só por ausência não colabora neste n.°), EPC, Fernando Lopes, Guilherme Ismael, Dinis Machado, João Lopes; António Sena tinha uma coluna sobre fotografia; as artes plásticas eram vistas por Sílvia Chicó, Alexandre Melo, João Pinharanda; e sobre livros, dos vários 'géneros', é um sem acabar que impossibilita a referência só a alguns.
Quanto a colunistas e/ou cronistas, além, igualmente, dos que à frente aparecem, dos referidos em caixa e dos actuais, sempre apenas ao correr da memória - e seguramente neste como nos outros itens com involuntários mas indesculpáveis esquecimentos, de que desde já peço desculpa -, lembro, por exemplo: Irineu Garcia (que desde o n.° 2 e até à morte assinou a «Zona tórrida», sobre literatura brasileira, muito importante para os primeiros contactos com o Brasil), Rui Knopfli, Fernando Campos, Alberto Pimenta, Luís Fagundes Duarte, António Osório, Rentes de Carvalho, Diogo Freitas do Amaral, António Barreto (pouco tempo), Carlos Nejar, Affonso Romano de Sant'Ana, João Rui de Sousa, Manuel Frias Martins, E. M. Melo e Castro, David Mestre, Luís Filipe Barreto, Ilídio Rocha António Manuel Hespanha, Boaventura Sousa Santos, Fernando Venâncio, Marcello Duarte Mathias, Joaquim-Francisco Coelho, Possidónio Cachapa, etc.

ALGUMAS MARCAS IMPRESSIVAS Sendo absolutamente inviável referir os múltiplos contributos deste jornal em diversos domínios da cultura e da língua portuguesa, bem como o que lhe terá permitido dá-los e manter-se até hoje, ficam apenas, sem nenhuma sistematização, breves tópicos.

Instrumento da presença da nossa cultura e língua O JL está presente em universidades, leitorados, bibliotecas, etc., em todo o mundo da língua portuguesa e onde se estuda a literatura e a cultura que nela se exprime, sendo considerado um instrumento fundamental de trabalho e consulta, para especialistas e não só. Embora depois se tenha desenvolvido, essa presença começou a verificar-se logo em 1981, com o decisivo contributo de António Alçada Baptista, como primeiro presidente do Instituto Português do Livro; obviamente que, desde a sua criação, o Instituto Camões tem um papel fundamental neste domínio.
Em especial nos primeiros tempos, não havia ainda internet nem outros media a dar relevo a estes assuntos, o nosso jornal ajudou a criar aquilo que se designaria como o boom da ficção portuguesa no estrangeiro. Havia até editoras a fazer as suas escolhas para traduções a partir do JL e recebíamos muito frequentes pedidos de informações, livros, etc.
Também a nível interno essa presença é assinalável e potencia os índices de leitura. Presença em instituições culturais diversas e bibliotecas, com destaque para as municipais e as das escolas - pois a Educação, que é outro nome da Cultura e está na sua base, constitui outro nosso campo preferencial de atenção e intervenção, sobretudo através do nosso suplemento mensal a ela especificamente dedicado (por exemplo, quando ainda existia a rede de bibliotecas da Gulbenkian, o JL era o único jornal nelas disponível).
Por outro lado, temos nas nossas páginas vasto noticiário do que se passa em todo o país, na Agenda Cultural, e das manifestações culturais portuguesas no estrangeiro, no Suplemento Camões. Assim, os ministérios da Educação e da Cultura souberam atempadamente compreender, reconhecer e contribuir para viabilizar a consecução de objectivos que não são comerciais mas culturais e de interesse nacional.

A luta pela CPLP e pela lusofonia Esta tem sido outra constante na história do jornal, através de uma intervenção quase «militante» para a criação dos instrumentos indispensáveis à concretização de uma verdadeira Comunidade entre os países e povos de idioma comum; e ao seu funcionamento, depois de criados, quando isso não tem acontecido - como é o caso do Instituto Internacional de Língua Portuguesa.
O JL promoveu mesmo, em Dezembro de 1993, com o apoio da embaixada do Brasil em Lisboa e do nosso amigo, o idealizador/ dinamizador da CPLP, José Aparecido de Oliveira, a primeira grande Mesa Redonda Luso-Afro-Brasileira, com a participação de figuras destacadas (membros dos governos, embaixadores, escritores, intelectuais) de todos ios países lusófonos. E ao tema, que continua sempre vivo nas nossa páginas, dedicamos também suplementos especiais nas edições de 22/6/1994, 9/11/1994 e 17/7/1996.
Sendo actualmente Portugal o país presidente da Comunidade e tendo anunciado que iria privilegiar a defesa e difusão da Língua Portuguesa através de novos mecanismos e novas iniciativas (até agora ainda não visíveis), este jornal espera continuar a dar o seu contributo nesse sentido e julga ser consensual que pode ser, para o efeito, um meio único.

Independência, pluralismo, valorização da qualidade Por último, importará salientar o que suponho serem alguns dos factores que explicam a permanência, e para não poucos prestígio, deste jornal. Esses factores estão muito ligados ou inter-ligados, e sem os hierarquizar sublinho desde logo a independência, que pressupõe a liberdade, e o pluralismo. Independência face a todos os poderes - políticos, económicos, sociais, empresariais, mas também (e neste sector eles são amiúde os de facto mais influentes) de grupo, escola, 'capela', lóbi, marketing, até «gosto»... Não sendo nem admitindo ser orgão ou porta-voz de nenhum movimento, associação, corrente estética, sempre tivemos como objectivo privilegiar apenas a qualidade, recusando correr atrás dos foguetes da «socialite», das «modas» e dos «interesses» que por vezes infestam as letras, as artes, o mundo da cultura em geral.
Por privilegiar a qualidade entendo não impor os nossos gostos e as nossas opções, mas avaliá-la segundo os melhores e mais abertos critérios jornalísticos; e: 1) dar espaço e relevo ao que de muito bom há na literatura e na arte mas se encontra injustamente esquecido ou minimizado, em particular pelos media: o exemplo pode ser o Tema que da última edição, sobre Afonso Duarte; 2) dedicar uma especial atenção aos mais novos, aos que começam (e daí secções permanentes como o «primeiro livro», «filme», «exposição») e o justificam, pelo menos pela potencialidade que mostram, não ruído que provocam e por vezes assegura um efémero êxito fácil.
Quem compulsar as dezenas de milhares de páginas deste jornal encontrará inúmeros exemplos do que dizemos e verá como sempre nestas colunas conviveram as figuras dos maiores criadores, já consagrados ou não, com os novos, ao tempo mais ou menos desconhecidos. Esta coexistência, ou melhor: esta pluralidade - de idades, gerações, opções literárias e artísticas, etc. - nas nossas colunas, pode não ser compreendida, é mesmo criticada, pelos mais dados aos dogmas e às imposições de vários géneros; nós, pelo contrário, procuramos estimulá-la, orgulha-nos e é parte importante do projecto do JL.

E AGORA? Agora, pela minha parte, a intenção e o desejo é que o JL continue na fidelidade aos mesmo valores, princípios e objectivos essenciais. Na atenção constante ao tempo que nos cumpre viver e na renovação necessária sempre que a substância das coisas o justifica. Não por e para meras operações de propaganda ou cosmética, mas para inclusive sermos dignos dos objectivos deste jornal: um espaço decerto modesto, mas, repete-se, único, da cultura e da língua portuguesas, das culturas dos povos que nessa língua de todos nós se exprimem, da comunidade que deve ligar esses países e povos, da lusofonia e tudo que ela significa. Veremos o que o futuro nos reserva.



Esta edição

Assinalamos este n.° 1000 com colaboração de alguns dos que ao longo do tempo foram, e muitos continuam a ser, presenças marcantes nas nossas colunas. Muitos mais aqui poderiam e deveriam estar, mas a natural limitação de espaço obrigou-nos a restringir-nos quase exclusivamente aos que nos acompanham desde o início. E mesmo assim ficaram de fora vários, nessas circuntâncias, que aqui gostaríamos de ter. Ou porque, prevendo tal limitação, nem os chegamos a convidar, ou porque os textos não 'couberam' (como o de João Medina). Dos colunistas das primeiras edições que já desapareceram - e de Agustina, impossibilitada de escrever por doença - publicamos inéditos ou reproduzimos textos nelas incluídos (mas não ficaram de fora, pela mesma razão, os de Alexandre O'Neill, João de Freitas Branco e Alexandre Pinheiro Torres). Em todos os casos, excepto quanto a alguns dos que mantêm colaboração permanente, há uma nota final, de rodapé, sobre o autor e sua relação com o JL.
Aos nossos colunistas e cronistas neste n.° não pedimos que escrevessem sobre o jornal. Mas não pudemos naturalmente impedir que os que quiseram o fizessem. Alguns dos textos vêm nas áreas (letras, artes e ideias) em que poderiam ser incluídos, sendo certo que esta edição tem, como inevitável, uma organização e paginação diferentes do habitual. Não publicamos várias secções fixas e incluímos apenas uma página de notícias, no final do «debate-papo».

O JL 1001

Sendo este n.° 1000, por razões óbvias, muito centrado no nosso jornal e sua história, e por isso fundamentalmente virado para o presente e o passado, o próximo, o 1001, será sobretudo virado para o futuro. E virados também essencialmente para o futuro, inclusive o que há de futuro no passado e no presente, continuaremos nas edições seguintes.

4 comentários:

animal avulso disse...

http://chovechove.blogspot.com/2009/01/retalho-quase-vaidoso-levemente.html

Paulo Freixinho disse...

Parabéns pela assinalável marca das 1000 edições... venham outras 1000!

Amplexos e ósculos!

Sandrine disse...

Muitos parabéns a todos e muito obrigada pelos momentos de prazer e informação proporcionados!!

azuki disse...

queremos mais 1000 :)