«Só temos bilhetes para a primeira fila ou para a última da primeira plateia». Escolhi os lugares da frente. Na altura, final do ano de 2007, encostada ao balcão da bilheteira, mal sabia que aquele seria o melhor concerto a que assisti até hoje.
Eu conhecia pouco do Rufus Wainwright. Estava em Constância, terra de Camões, quando uma amiga me estendeu um auscultador e disse «ouve lá isto». Era o último álbum, Release the Stars, e a atracção foi imediata. Depois, fui à procura dos discos anteriores e o meu interesse foi crescendo. Quanto mais conhecia, mais gostava.
Mas, nestas coisas das paixões, há sempre aquele momento, que a crónica distracção humana por vezes nem consegue identificar, em que a química acontece, os planetas se alinham e saltam faíscas por toda a parte.
Na noite do concerto, num chuvoso 6 de Novembro, fui para o Coliseu, toda bem vestida e com o friozinho na barriga típico do prazer antecipado. Sentámo-nos então na primeira fila, tão perto do palco que podíamos ouvir os instrumentos antes de chegarem às colunas. Finalmente, Rufus surgiu, in all his glory, fato às riscas vermelhas e alfinetes com lantejoulas. As minhas pupilas muito dilatadas absorviam cada pedacinho dos olhos azuis e do corpo magro. E então ele começou a cantar… Planetas alinhados, o coração bate com toda a força. Rufus tem uma voz grandiosa, como a sua música, com a influência da ópera a ecoar em todos os cantos da sala. Paradoxalmente, a sua postura é efeminada e trapalhona. Consegue pôr o público às gargalhadas, principalmente quando não tem essa intenção. No Coliseu, Rufus esbanjou charme. Falou do seu amor por Lisboa, de como adorava o Museu dos Coches («I’m such a princess!», disse), tocou ao piano a cantiga do bandido. E, sabe-se lá porque carga de água, acreditamos sempre.
Seguiu todas as regras de um bom primeiro encontro. Depois de fazer rir, sensibilizou-me com as suas canções mais melancólicas, sozinho ao piano ou em dueto com a mãe, e causou um arrepio do fundo das costas até à nuca com uma canção tradicional irlandesa cantada a capella. E eu, na minha abençoada primeira fila, olhava fascinada com um sorriso tolo nos lábios. Durante quase três horas, estive perdidamente apaixonada.
Eu conhecia pouco do Rufus Wainwright. Estava em Constância, terra de Camões, quando uma amiga me estendeu um auscultador e disse «ouve lá isto». Era o último álbum, Release the Stars, e a atracção foi imediata. Depois, fui à procura dos discos anteriores e o meu interesse foi crescendo. Quanto mais conhecia, mais gostava.
Mas, nestas coisas das paixões, há sempre aquele momento, que a crónica distracção humana por vezes nem consegue identificar, em que a química acontece, os planetas se alinham e saltam faíscas por toda a parte.
Na noite do concerto, num chuvoso 6 de Novembro, fui para o Coliseu, toda bem vestida e com o friozinho na barriga típico do prazer antecipado. Sentámo-nos então na primeira fila, tão perto do palco que podíamos ouvir os instrumentos antes de chegarem às colunas. Finalmente, Rufus surgiu, in all his glory, fato às riscas vermelhas e alfinetes com lantejoulas. As minhas pupilas muito dilatadas absorviam cada pedacinho dos olhos azuis e do corpo magro. E então ele começou a cantar… Planetas alinhados, o coração bate com toda a força. Rufus tem uma voz grandiosa, como a sua música, com a influência da ópera a ecoar em todos os cantos da sala. Paradoxalmente, a sua postura é efeminada e trapalhona. Consegue pôr o público às gargalhadas, principalmente quando não tem essa intenção. No Coliseu, Rufus esbanjou charme. Falou do seu amor por Lisboa, de como adorava o Museu dos Coches («I’m such a princess!», disse), tocou ao piano a cantiga do bandido. E, sabe-se lá porque carga de água, acreditamos sempre.
Seguiu todas as regras de um bom primeiro encontro. Depois de fazer rir, sensibilizou-me com as suas canções mais melancólicas, sozinho ao piano ou em dueto com a mãe, e causou um arrepio do fundo das costas até à nuca com uma canção tradicional irlandesa cantada a capella. E eu, na minha abençoada primeira fila, olhava fascinada com um sorriso tolo nos lábios. Durante quase três horas, estive perdidamente apaixonada.
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