segunda-feira, 14 de julho de 2008

Neil Young alive é "optimus"

Diz o ditado que, muitas vezes, os discípulos superam os mestres. Tendo em conta o que se viu e ouviu no passado sábado, no último dia do Festival Optimus Alive 2008, não será fácil às novas gerações de músicos rivalizarem com a energia, a experiência e a entrega de Neil Young. O cantor canadiano deu um concerto memorável perante uma plateia que cruzava várias gerações. Fez esquecer a desilusão do dia anterior, quando Bob Dylan esteve muito longe de corresponder às expectativas do público. Com Young, nada soube a pouco.

Começou logo pelo palco, profusamente decorado, com letras e números numa espécie de pauta, um pássaro preso no topo do arco da estrutura metálica, uma enorme ventoinha e um cavalete onde, música após música, foram colocados vários quadros com o nome das canções e a respectiva interpretação pictórica.

A esta delícia visual (reforçada pela presença de Neil Young em palco, sempre vigorosa e vibrante), somaram-se vários clássicos de uma longa carreira de sucessos. Cortez the killer, Powderfinger, Keep on rocking in the free world, Heart of gold, Old man, The needle and the damage, entre muitos outros. No fim, já no encore, Neil Young superou-se e interpretou uma versão de A day in the life, dos Beatles. Um crescendo de emoção que culminou com as cordas da guitarra partidas. Mesmo assim o músico tentou tirar do instrumento todas as sonoridades possíveis (e inimagináveis).

Provavelmente, bastaria este concerto para fazer um balanço positivo da edição deste ano do Optimus Alive, que já assegurou o regresso em 2009, a 9, 10 e 11 de Julho. Mas no último dia ainda houve tempo para algumas surpresas. A fechar o festival, mais uma actuação de Ben Harper, um habitué dos palcos portugueses, que em tom de brincadeira disse reconhecer no público algumas caras familiares… Como bónus, Donavon Frankenreiter, que já tinha actuado umas horas antes, cantou com Harper Diamons On The Inside.

De resto, nomes muito conhecidos e apostas no futuro foi a fórmula de sucesso do Optimus Alive 2008. No palco principal, a par dos nomes seguros Rage Against the Machine, Bob Dylan e Neil Young, surgiram bandas que começam a alcançar um estatuto internacional, como The Hives, Gogol Bordello, The National, Spiritualized ou Whithin Temptation. Pelo meio vários cantautores, como John Butler, Xavi Rudd e o já citado Donavon Frankenreiter.

Ao longo dos três dias, o embaraço foi mesmo o da escolha. Muitas vezes os horários dos concertos do palco Optimus e do palco Metro On Stage coincidiam. Sem o poder da ubiquidade (cada vez mais necessário para qualquer festival), perderam-se bons concertos. Até porque alguns dos momentos mais intensos foram vividos no palco secundário. Foi o caso de Vampire Weekend, Midnight Juggernauts, Róisín Murphy e Gossip, estas duas últimas ao mesmo tempo que Neil Young.

Para o ano, não será despropositado apostar em walkie talkies.

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