segunda-feira, 23 de junho de 2008

Na cabeça de Else

É daqueles livros que se lêem de um fôlego. Não porque a história seja emocionante do princípio ao fim – embora não deixe de o ser; nem porque a sua brevidade assim o imponha – embora também a isso se deva.
Acontece que só se pode entender profundamente Menina Else, que a Cotovia acaba de publicar, numa tradução de José Maria Vieira Mendes (110 pp, 12,50 euros), se se acompanhar em tempo real, o tempo da leitura, o drama da protagonista que dá título a esta obra de Arthur Schnitzler.
Página a página, indecisão a indecisão, adensa-se o labirinto em que ela se encontra. A sua vertigem é crescente. Quando nos apercebemos que ela se encaminha para os abismos da alma humana, é impossível deixar este monólogo interior a meio. E é precisamente isso que o escritor austríaco, muito popular na viragem do século XIX, antes da perseguição nazi, consegue captar.
Menina Else é, de resto, uma das primeiras obras literárias a retratar um drama psicológico na primeira pessoa. E colocando-nos na cabeça desta jovem rapariga, formosa e idealista, insegura e sonhadora, não há meio de lá sair.

1 comentários:

JBMartins disse...

em relação à literatura centro-europeia, ou mittel-europeia, recomendaria que começássemos a traduzir autores romenos e hungaros da oprimeira metade do sec 20.
a de lingua alemã já é bem conhecida, desde musil a s.zweig, roth ou rilke ou t. mann.
vamos para os hungaros, Marai, p.ex ou os romenos. m eliade esse já é conhecido, mas há outros iguais ou superiores, e bem mais próximos de nós, latinos