Juro: eu tinha prometido não escrever
este poema. Não gosto de supermercados
nem de poetas de supermercado, mas hoje enchi
a casa de manteiga e não pude evitar uma sensação
de metáfora, uma ironia a escorregar-me nos dedos
como anúncio de contemporaneidade. Juro: eu não preciso
de tantas embalagens, nem preciso deste poema,
mas há tantos dias que não posso tomar o pequeno-almoço
na minha casa sem manteiga, sem poema, que hoje enchi-me
de coragem para tudo isto.
E juro: apesar da traição, sinto-me hoje mais
contemporânea
do que nunca.
Filipa Leal
Do novo livro de poemas O problema de ser Norte, editado pela Deriva
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Traindo o poema
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2 comentários:
no poema, em vez de manteiga, preferia pão. PÃO parece mais de acordo com am estética poética.
mas trata-se de um interessante poema do quotidiano.
Gostei do poema! Não conhecia a poeta, mas é sem dúvida interessante!
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