… e no final Indiana Jones morre enforcado num nó do seu próprio chicote, a mando da FBI, depois de terem descoberto que ele era um traidor da pátria, um agente duplo do KGB. Surpreendente? Pois seria. Mas é óbvio que nada disto acontece em Indiana Jones e O Reino da Caveira de Cristal (estreia-se dia 22). Nem poderia. Nos filmes de aventuras os heróis não morrem. Faz parte dos cânones. Seria como uma comédia romântica a acabar em divórcio.
O quarto Indiana Jones constrói-se na semântica que o próprio Spielberg criou. Doses razoáveis de acção, emoção, engenho e humor, a que se acrescenta uma capacidade de auto-ironia e de auto-citação. O herói, Harrison Ford, já tem 65 anos, mas envelheceu bem na tela. E Spielberg/Lucas sabem parodiar a sua condição semi-geronte ao mesmo tempo que conseguem satirizar o próprio género cinematográfico como quando no princípio se faz a rábula: «Aposto 500 dólares que nos safamos desta». Mas são as sequências de acção, umas melhores outras piores, que continuam a apaixonar os fãs. Autênticas coreografias desenhadas em catadupa, com o intuito de fazer com que os espectadores sustenham o ar nos pulmões. A dificuldade é que muitos destes truques foram demasiados repetidos e os peitos mais treinados lá vão deixando escapara o ar sem grandes sobressaltos.
O filme só poderá desiludir quem muito dele esperava. De resto cumpre. E cumpre-se enquanto sequela. Antes o pai agora o filho. Só falta o espírito santo que quase arruína aquele final por pouco mortífero, sem bem que concorde que ainda não é tempo de passar o chapéu.
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