
Foi a minha estreia. E fui surpreendida por uma história narrada muitas vezes, de muitas formas – da Literatura ao Cinema. Os anais da História descrevem-nas como duas rainhas que disputaram o trono da Inglaterra no século XVI. Elisabeth saiu vencedora e Mary morreu decapitada. O compositor italiano Gaetano Donizetti contou em música a sua versão na ópera Maria Stuarda. O espectáculo subiu ao palco do Scala, em Janeiro, altura em que assisti a uma apresentação, e ainda hoje o som e as imagens dessa noite permanecem na memória. Foram as vozes – magníficas de Anna Caterina Antonacci, como Elisabetta, e de Mariella Devia, como Stuarda – a perfeita coordenação entre a orquestra e o coro, dirigidos pelo maestro Antonino Fogliani, as roupas e adereços exemplares, e um cenário simples construído numa estrutura metálica que tão rapidamente era a prisão de Maria, quanto o castelo de Elisabetta, que tornaram La Stuarda deslumbrante. Foi também a encenação. Depurada a permitir a máxima concentração nas vozes e expressões dos cantores. Numa sala tão grande podia perder-se esta cumplicidade. Mas não. O silêncio do público foi total até ao último acorde. Para logo explodir em «Bravos» que parecem ser mais verdade com sotaque italiano.
0 comentários:
Enviar um comentário