A sala é enorme. Não a imaginava tão grande. Ao fundo, o pano é – como se impunha – vermelho. Vivo. O tecto brilha com um lustre gigante. As paredes parecem feitas de luz. Como as seis frisas. Cheias de gente. Não há uma cadeira vazia. E na plateia também não. As vozes sobrepõem-se. Ouvem-se várias línguas. Do inglês ao alemão, passando pelo francês ou japonês. Mas, apesar de tudo, o italiano domina. Lá fora, na rua, com o público a entrar no teatro, a ópera já começou. E os actores não precisam de cantar. A forma como se vestem, como riem e como falam faz-nos acreditar que todos os seus gestos estão inscritos num qualquer libreto. Ali, no centro de Milão, com as galerias Vítor Emanuel em fundo, o recém renovado Teatro alla Scala reluz com toda a força que os 419 anos de vida de música lhe deram.
Foi a minha estreia. E fui surpreendida por uma história narrada muitas vezes, de muitas formas – da Literatura ao Cinema. Os anais da História descrevem-nas como duas rainhas que disputaram o trono da Inglaterra no século XVI. Elisabeth saiu vencedora e Mary morreu decapitada. O compositor italiano Gaetano Donizetti contou em música a sua versão na ópera Maria Stuarda. O espectáculo subiu ao palco do Scala, em Janeiro, altura em que assisti a uma apresentação, e ainda hoje o som e as imagens dessa noite permanecem na memória. Foram as vozes – magníficas de Anna Caterina Antonacci, como Elisabetta, e de Mariella Devia, como Stuarda – a perfeita coordenação entre a orquestra e o coro, dirigidos pelo maestro Antonino Fogliani, as roupas e adereços exemplares, e um cenário simples construído numa estrutura metálica que tão rapidamente era a prisão de Maria, quanto o castelo de Elisabetta, que tornaram La Stuarda deslumbrante. Foi também a encenação. Depurada a permitir a máxima concentração nas vozes e expressões dos cantores. Numa sala tão grande podia perder-se esta cumplicidade. Mas não. O silêncio do público foi total até ao último acorde. Para logo explodir em «Bravos» que parecem ser mais verdade com sotaque italiano.
Foi a minha estreia. E fui surpreendida por uma história narrada muitas vezes, de muitas formas – da Literatura ao Cinema. Os anais da História descrevem-nas como duas rainhas que disputaram o trono da Inglaterra no século XVI. Elisabeth saiu vencedora e Mary morreu decapitada. O compositor italiano Gaetano Donizetti contou em música a sua versão na ópera Maria Stuarda. O espectáculo subiu ao palco do Scala, em Janeiro, altura em que assisti a uma apresentação, e ainda hoje o som e as imagens dessa noite permanecem na memória. Foram as vozes – magníficas de Anna Caterina Antonacci, como Elisabetta, e de Mariella Devia, como Stuarda – a perfeita coordenação entre a orquestra e o coro, dirigidos pelo maestro Antonino Fogliani, as roupas e adereços exemplares, e um cenário simples construído numa estrutura metálica que tão rapidamente era a prisão de Maria, quanto o castelo de Elisabetta, que tornaram La Stuarda deslumbrante. Foi também a encenação. Depurada a permitir a máxima concentração nas vozes e expressões dos cantores. Numa sala tão grande podia perder-se esta cumplicidade. Mas não. O silêncio do público foi total até ao último acorde. Para logo explodir em «Bravos» que parecem ser mais verdade com sotaque italiano.
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